Os corpos do jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira, assassinados na Amazônia, foram entregues nesta quinta-feira (23/6) a suas famílias, enquanto um quarto suspeito por envolvimento no caso foi detido pela polícia.
Phillips, de 57 anos, e Pereira, de 41, foram mortos a tiros quando voltavam de uma expedição no Vale do Javari, em uma área remota da Amazônia brasileira.
Seus restos mortais foram entregues pela Polícia Federal às famílias para os respectivos funerais: o de Pereira está previsto para a sexta-feira em Recife e o de Phillips será velado e cremado no domingo em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.
A viúva de Phillips, a brasileira Alessandra Sampaio, divulgou uma fotografia segurando a aliança de casamento do marido, encontrada pela polícia perto do corpo.
Nesta quinta, um quarto suspeito se entregou à Polícia Civil de São Paulo após confessar participação no crime.
Gabriel Dantas, de 26 Anos, disse que esteve na lancha junto do primeiro detido no caso, Amarildo Oliveira, quando ele atirou nos dois homens, segundo trechos de seu depoimento gravado em vídeo pela polícia e divulgados pela Folha de S. Paulo e pelo G1.
Dantas contou que na manhã do crime, Oliveira lhe pediu que pilotasse sua lancha, sem revelar para onde iam ou para que finalidade. Quando alcançaram Phillips e Pereira, que viajavam sozinhos em outra embarcação, "ele (Oliveira) já chegou atirando uma (espingarda calibre) 16", disse Dantas.
Após testemunhar o homicídio, Dantas teria ajudado a transportar os corpos até o local onde foram enterrados, com a ajuda de outros homens.
Até agora, a Polícia Federal, que conduz as investigações, não se pronunciou sobre este depoimento.
Oliveira admitiu à polícia ter enterrado Phillips e Pereira e levou as autoridades até o local de difícil acesso onde estavam os corpos.
O Vale do Javari, que abriga a segunda maior terra indígena do País, é uma área conhecida por sua periculosidade devido à atividade de narcotraficantes, pesca e garimpo ilegais.
Phillips, colaborador do jornal britânico The Guardian, estava na região trabalhando em um livro sobre preservação ambiental, guiado por Pereira.
Pereira era indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai), da qual estava licenciado temporariamente para trabalhar com organizações indígenas em projetos de vigilância de seus territórios.
Seu trabalho lhe rendeu ameaças de morte de grupos criminosos que atuam na região.
Desde o duplo homicídio, lideranças indígenas, ambientalistas e colegas de Pereira se mobilizam pedindo justiça.
"O Bruno precisou se afastar da Funai, estava sendo perseguido justamente porque ele estava indo atrás de quem estava invadindo e desprotegendo as terras indígenas", disse à AFP Janete Carvalho, funcionária da Funai, durante protesto em Brasília.
"O que aconteceu com Bruno poderia ter acontecido com qualquer um de nós", acrescentou.
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