Para o neurologista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Edmar Zanotelli, a ampliação do teste do pezinho para englobar 51 doenças — incluindo raras como a atrofia muscular espinhal (AME) — constitui um desafio significativo para políticas públicas de saúde.
O especialista reconhece avanços na ampliação do teste do pezinho, em especial nos grandes centros, mas afirma que o procedimento ainda tem alcance limitado, considerando as dimensões e realidades do país.
"Atualmente nós temos seis doenças contempladas pelo teste do pezinho. Alguns municípios já adotaram o teste ampliado, com mais de 50 doenças, mas isso ainda não é uma realidade nacional", explicou Zanotelli.
De acordo com o neurologista, um diagnóstico precoce tem importância vital, para os filhos e os pais. O teste pode frear o avanço de doenças fatais e dar maior longevidade e melhor qualidade de vida para as crianças e os familiares.
"Uma doença como essa, além de afetar muito aquela criança, afeta toda uma estrutura familiar. Afeta o sistema também do SUS (Sistema Único de Saúde). Quando você faz o diagnóstico precoce e a triagem neonatal, alivia tudo isso", ressaltou.
Agravamento
Zanotelli é especialista em doenças neuromusculares, como a AME. Cerca de um em cada 10 mil nascidos tem a doença. Segundo ele, os sintomas começam a se manifestar nos primeiros meses de vida — e podem se agravar rapidamente. "Sem tratamento, a evolução não é boa. Muitas dessas crianças acabam falecendo, ou dependendo de respiração por aparelhos", descreveu o médico.
O teste do pezinho é realizado, idealmente, quando o recém-nascido ainda está na maternidade. A avaliação permite que a AME seja tratada antes que os sintomas apareçam. Ainda não há cura, mas o tratamento precoce pode dar uma vida bastante satisfatória aos pacientes.
"Há necessidade de implementação de um programa de triagem neonatal. É um programa complexo. Hoje, nós temos facilidade de fazer testes genéticos. Temos controle da metodologia. A gente tem conhecimento, a tecnologia está bem conhecida. Mas o mais importante é que temos um tratamento no SUS para essa condição (a AME) e é extremamente eficaz", pontuou o médico.
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