Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a média móvel de casos da covid-19 subiu de aproximadamente 12 mil casos por dia em abril para quase 40 mil, segundo os dados registrados em 14 de junho. O aumento de casos da pandemia já é considerado uma nova onda da doença, em um momento em que as pessoas afrouxaram o uso de máscaras e retornaram à vida social e ao trabalho presencial.
Em um mês, as sublinhagens BA.4 e BA.5 da ômicron passaram a representar 44% das amostras positivas de covid-19 no Brasil, de acordo com relatório do Instituto Todos pela Saúde (ITpS). A taxa antes era de apenas 10,4%. Por isso, aponta o ITpS, houve avanço de casos e internações.
Segundo especialistas, o ambiente de trabalho é um dos locais com mais transmissões da doença, especialmente em ambientes fechados. Eles defendem a manutenção de cuidados como o uso de máscaras e o distanciamento social, e afirmam que o autoteste pode ser um importante aliado em meio ao aumento dos casos.
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Membro do Comitê Técnico da Aliança para a Saúde Populacional (Asap), Rafael Jácomo explica que em situações de escalada de casos de doenças infecciosas, como a covid, é essencial que se identifique rapidamente os acometidos para ser possível tomar as medidas necessárias de proteção aos que estão suscetíveis e, assim, manter todo o grupo mais seguro.
“O rastreamento populacional neste contexto, incluindo doentes e contactantes, tem função não apenas protetiva, mas também de programação de serviços de saúde para garantir uma resposta adequada", aponta Jácomo.
“Entretanto, vale ressaltar que apenas os laboratórios realizam dentro de suas estruturas o exame de PCR que é o método padrão ouro para diagnóstico. Os laboratórios clínicos, ademais, fazem notificação de todos os exames realizados, permitindo um rastreamento fidedigno por parte das autoridades de vigilância sanitária”, reforça Jácomo, que lembra que a autotestagem tornou a possibilidade de rastreamento mais próxima do cidadão em geral, mas “o momento de realização e inclusive a interpretação do resultado obtido podem levar a conclusões inadequadas e, não podemos ignorar, a não valorização e tomada de condutas protetivas frente a resultados positivos”, alerta.
Além de identificar identificar indivíduos com o vírus, os testes diagnósticos de covid-19 são ferramentas para o mapeamento da circulação do vírus e a identificação das variantes predominantes. Os resultados ainda ajudam a estimar quantos casos podem estar sendo subdiagnosticados, definir a programação de cuidados aos doentes e até mesmo de planejamento financeiro.
Autotestes
Na avaliação do presidente da Asap, Claúdio Tafla, os autotestes são importantes para uma primeira checagem, mas o PCR seria o ideal para quem tem condição de fazer, já que ele tem o padrão ouro para resultados. Para além da crise da pandemia, o médico aponta que a realização de autotestes gera uma expectativa de evolução em gestão de saúde populacional.
“A expectativa é que, dentro dos três requisitos básicos de gestão de saúde populacional: alimentação saudável, atividade física e consciência sanitária, ou auto cuidado, uma importância fundamental, a partir do momento em que as pessoas conseguem detectar seus problemas e, de forma mais assertiva, buscar os equipamentos de saúde de forma correta”, finaliza.
Para o infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury, Celso Granato, num contexto de pandemia, ainda é importante se atentar aos assintomáticos – tanto nas empresas quanto no contexto populacional em geral. “Pessoas que têm formas mais graves, do ponto de vista da disseminação da doença, são menos ‘importantes’ porque são isoladas e, com isso, acabam tendo menos oportunidade de passar a doença para outras pessoas”, pontua.
Ele destaca que a testagem em massa pode ajudar no controle da cadeia de transmissão. "Assim é possível identificar essas pessoas, colocá-las em isolamento, para cortar a cadeia de transmissão. A utilidade dos testes diagnósticos é para você poder fazer essa identificação”, detalha.
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