Santa Catarina

Bebê de 2 meses morre após esperar vaga em UTI por dois dias em SC

A menina aguardava vaga no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, após apresentar um quadro de bronquiolite e pneumonia

Correio Braziliense
postado em 15/06/2022 17:12 / atualizado em 17/06/2022 20:21
 (crédito: Reprodução/SES-SC)
(crédito: Reprodução/SES-SC)

Uma bebê de dois meses morreu, no sábado (11/6), após esperar dois dias na fila da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis (SC). A pequena Maria Sofia estava com bronquiolite e morreu após ter três paradas cardiorrespiratórias.

Em entrevista ao Diário Catarinense (DC), a mãe da bebê, Samara Ester dos Santos, contou que a menina foi internada no início de maio quando apresentou os primeiros sinais da doença. Ela ficou no hospital por cerca de 13 dias mas, quando recebeu alta, a mãe afirma que a criança não estava 100% e que a alta aconteceu quando o hospital começou a ficar superlotado.

Samara revelou ainda que quando a filha piorou e tiveram que voltar ao hospital, a menina teve uma parada respiratória na ambulância.

A segunda internação aconteceu em 4 de junho e o quadro piorou nos quatro dias seguintes. Com a piora, Maria Sofia precisava ser encaminhada novamente para a UTI, mas pela falta de vaga, ela não pôde ser transferida.

Poucas horas antes de falecer, a menina foi levada pra a emergência do hospital. Além da bronquiolite ela também estava com pneumonia e, mesmo com os médicos tentando ajudá-la com procedimentos similares aos da UTI, faltavam aparelhos e suportes necessários para o tratamento.

"Na sexta-feira de manhã, a médica me disse que um pulmão da Sofia já estava fechado e eles não tinham onde colocá-la. Os médicos que a atenderam antes de ela falecer ficaram comigo até o fim. As enfermeiras choraram comigo pedindo desculpas, eles [os médicos] estão sem suporte. Para fazer reanimação da Sofia, por exemplo, não tinha aparelho, se viraram em mil. Elas falaram: 'Mãe, desculpa, a gente não tinha mais o que fazer'", relatou Samara ao DC.

"É desesperador, estava vendo minha filha indo embora na minha frente e não podia fazer nada. A Sofia morreu na emergência porque não tinha UTI para ela, quando arrumaram vaga, ela já tinha morrido", contou ela também.

Ao DC, a Secretaria do Estado da Saúde afirmou que está prestando assistência à família da bebê, no entanto, Samara negou a afirmação.

Já ao Correio, a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina informou que está prestando apoio à família. No entanto, a pasta "descarta" que o óbito tenha relação com a falta de UTI. "A paciente estava passando pela segunda internação na unidade hospitalar e recebeu plena assistência das equipes altamente capacitadas do hospital infantil de referência em Santa Catarina, que é o HIJG. Mas devido ao agravamento da sua condição clínica, não resistiu", diz um trecho da nota. 

Eles também afirmaram que abriram uma sindicância — um procedimento formal — para apurar o caso. 

Confira a nota na íntegra: 

"A Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC) está sensibilizada e prestando todo o apoio à família da paciente de dois meses que veio a óbito, no Hospital Infantil Joana de Gusmão, na madrugada do dia 11.

A SES descarta que o óbito tenha relação com a falta de UTI. A paciente estava passando pela segunda internação na unidade hospitalar e recebeu plena assistência das equipes altamente capacitadas do hospital infantil de referência em Santa Catarina, que é o HIJG. Mas devido ao agravamento da sua condição clínica, não resistiu.

A SES abriu uma sindicância, que é um procedimento formal, para apurar os fatos ocorridos no atendimento da paciente".

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