A manhã deste domingo (12/6) foi marcada por protestos pedindo respostas sobre o paradeiro do jornalista do Dom Philips, correspondente do The Guardian no Brasil, e do indigenista Bruno Araújo. Familiares e amigos se reuniram no Rio de Janeiro, no Distrito Federal e em Belém para cobrar agilidade nas buscas pelos dois, desaparecidos na Amazônia desde 5 de junho.
Em Brasília, a concentração ocorreu no Eixão, durante a tradicional interdição da via aos domingos. O ato no Rio de Janeiro começou às 9h, na avenida Atlântica, em frente ao Posto 6, em Copacabana. Era lá que Dom fazia aulas de stand-up paddle quando morava no Rio. Há um ano, ele a mulher se mudaram para Salvador. Um grupo de aproximadamente 50 pessoas segurou cartazes com fotos dos desaparecidos e gritou, em coro: "Onde estão Dom e Bruno?"
Estavam presentes ao ato os sogros do jornalista britânico. A aposentada Maria Lúcia Farias Sampaio, de 78 anos, mãe de Alessandra Sampaio, casada com Dom, disse a jornalistas que acredita que "ele já não está mais entre nós". "Para ser sincera, não existe mais esperança", afirmou. Philips está no Brasil há 15 anos. O sogro do jornalista, o aposentado Luiz Carlos Rocha Sampaio, 80, ainda tem esperanças. "Eu ainda alimento a esperança de encontrá-lo. Peço a Deus que não seja em vão essa nossa luta."
— RSF em português (@RSF_pt) June 12, 2022
Além de Alessandra, o casal tem outros dois filhos. Uma delas está em Salvador com a irmã e o irmão, o produtor Marcus Farias Sampaio, 49, participou do ato na zona sul do Rio. "A gente sabe que é muito difícil. Enquanto não houver uma resposta definitiva, a gente tem que acreditar. Mas a gente está aguardando o pior, embora tenha muita fé", disse.
A atriz Lucélia Santos também participou do ato. "Esse episódio vem escancarar a realidade trágica e horrorosa que está acontecendo no Brasil hoje. Que perseguem e matam as pessoas nessa região já é do conhecimento de todos. O que a gente não podia imaginar é a vulnerabilidade do Exército, de não reunir as condições adequadas para a busca. A sociedade precisa se unir e exigir do governo o esclarecimento do caso. Dom e Bruno não podem simplesmente sumir no interior da floresta", disse a atriz.
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Desaparecimento
Dom Philips e Bruno Araújo estão desaparecidos desde domingo passado, quando faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Vale do Javari, na Amazônia. Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, foi preso na quinta-feira (9/6) suspeito de envolvimento no sumiço dos dois.
Durante a semana, a Polícia Federal também informou que encontrou material orgânico "aparentemente humano" próximo ao porto da cidade de Atalaia do Norte. O local em que o material foi encontrado era o destino final da dupla. Para confirmar que as pistas se referem ao caso, o Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Manaus, cruzou as amostras com os vestígios de sangue recolhidos na embarcação de Amarildo. Depois, foi feito o cruzamento das pistas com o material genético de Bruno e Dom, recolhidos pela PF junto aos familiares.
Amarildo segue preso, por pelo menos 30 dias corridos, na delegacia de Atalaia do Norte. Nessa sexta-feira (10/6), equipes voluntárias nas buscas, que são integrantes da vigilância de território da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) encontraram sinais de escavação às margens do Rio Itaquaí, que fica na comunidade de Cachoeira.
Com informações da Agência Estado
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