Agentes da Polícia Federal (PF) coletaram, ontem, mais uma quantidade de "material orgânico aparentemente humano" numa região nas proximidades do porto de Atalaia do Norte (AM), local que seria o destino final de Bruno Araújo Pereira e de Dom Phillips — desaparecidos desde o último domingo. Com os novos elementos, os agentes iniciaram uma nova etapa das investigações: o cruzamento genético, que será confrontado com amostras recolhidas entre parentes do indigenista e do jornalista.
Todo o material foi encaminhado ao Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Manaus, onde também estão sendo analisados os vestígios de sangue encontrados na embarcação do suspeito Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, de 41 anos. Ele está preso temporariamente na delegacia da comunidade de Atalaia do Norte — a prisão foi determinada na noite de quinta-feira pela juíza Jacinta Silva dos Santos, titular da Comarca de Atalaia do Norte —, enquanto o processo de investigação do desaparecimento ocorre em segredo de Justiça.
O material genético do jornalista foi coletado em Salvador, onde ele mora, enquanto o do indigenista foi obtido em Recife, com um irmão.
Terra batida
Mas o material orgânico não foi o único achado do dia. Um grupo de voluntários na busca por Bruno e Dom, integrada pela equipe de vigilância de território da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), encontrou sinais de escavação às margens do Rio Itaquaí. A região é próxima à Comunidade Cachoeira, também no município de Atalaia do Norte, um dos locais investigados pela Polícia Federal do Amazonas (PF).
"O relato é de terra batida, como se alguém tivesse cavado algo, enterrado alguma coisa, jogado barro no fundo. Vamos fazer uma varredura no fundo para ver se encontramos algo. A gente não pode dizer que tem vestígio concreto no local, mas vamos verificar a situação para ver se, realmente, tem algo ali que possa identificar os dois desaparecidos", disse o subtenente do Corpo de Bombeiros, Geonivan de Amorim Maciel.
A pista foi informada por duas testemunhas, ouvidas também na última quinta-feira, pelo delegado de Polícia Civil de Atalaia do Norte, Alex Perez Timóteo. Uma delas afirmou, segundo a autoridade, que viu a embarcação de Bruno e Dom passar e, em seguida, avistou a lancha de Amarildo, que estava acompanhado de mais uma pessoa — não identificada até o momento. O informante seguia viagem na direção da sede do município. Ele teria enxergado as duas embarcações quando estavam próximas ao lago do Ipuca, que leva à Comunidade Cachoeira.
As equipes de investigação também obtiveram a informação de que uma testemunha viu Amarildo carregar uma espingarda e fazer um cinto de munições pouco depois que o indigenista e o jornalista deixaram a localidade de São Rafael rumo a Atalaia do Norte. Isso aconteceu na manhã do último domingo, quando os dois foram vistos pela última vez.
Segundo essa mesma testemunha, Amarildo seria um homem "muito perigoso". Além disso, teria escutado dele várias vezes que pretendia "acertar contas" com Bruno e que "trocaria tiros" com o indigenista assim que ele aparecesse na região.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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