Exonerado após operação

Correio Braziliense
postado em 10/06/2022 00:01

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) acusou a Fundação Nacional do Índio (Funai) de ter afastado Bruno Araújo Pereira da função que exercia na autarquia somente por "perseguição". Segundo a entidade, tudo começou depois que ele atuou em uma operação, em 2019, que destruiu mais de 60 balsas de garimpo ilegal na Terra Indígena Vale do Javari. Logo depois, Bruno foi exonerado do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato.

Segundo a Univaja, Bruno — que há mais de 11 anos atua como indigenista no Vale do Javari — é a maior autoridade no país no trabalho em campo especializado em índios isolados. Assegurou que ele estava autorizado a transitar pela região por ser integrante da Equipe de Vigilância da entidade, formada majoritariamente por indígenas.

A Univaja convidou Bruno a participar da força em razão de seu "notório saber", além da "grande confiança que desperta" nas lideranças da instituição. "Bruno compreende pelo menos quatro das línguas dos povos do Javari e tem larga experiência no diálogo intercultural com essas populações, o que é um grande diferencial", afirmou a entidade, em nota.

O Vale do Javari há anos vem sendo alvo de disputas de facções criminosas e atividades clandestinas. Um funcionário da Funai, Maxciel Pereira dos Santos, foi assassinado com dois tiros em Tabatinga, em 7 de setembro de 2019. Ele trabalhava há 12 anos fiscalizando a região.

Em novembro de 2019, a Base de Proteção Etnoambiental do Rio Ituí-Itacoaí, dentro da Terra Indígena Vale do Javari, foi atacada a tiros — o oitavo consecutivo num período de 12 meses, segundo registrou o Ministério Público Federal. A pouca efetividade nas ações de proteção de indígenas e segurança na região levou o MPF a ajuizar uma ação civil Pública contra a União, pedindo maior investimento para as Frentes de Proteção Etnoambiental no Amazonas.

Por não cumprir a determinação de dar apoio necessário para garantir a segurança na região, a Justiça Federal aplicou multa diária de R$ 10 mil à União em novembro de 2019.

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