Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) fizeram um protesto, nesta quarta-feira (8/6), na praça de alimentação do shopping Iguatemi, em São Paulo, um dos centro comerciais mais luxuosos do país. A ação tinha como intuito chamar atenção para os mais de 33 milhões de brasileiros que passam fome.
Durante o ato, os manifestantes estenderam bandeiras com palavras como "fome" e também carregavam pedaços de ossos, para lembrar os episódios de pessoas que buscam restos de comida nos açougues para poderem se alimentar. "Em um ano e meio cresceu 15 milhões de pessoas no mapa da fome. A gente está falando de empregada doméstica, pedreiros, população que trabalha e não pode consumir", disse coordenadora do MTST, Ediane Maria.
A FOME VOLTOU@mtst ocupou a praça de alimentação do shopping Iguatemi contra a fome!
— Guilherme Gandolfi ???? (@guifrodu) June 8, 2022
Fora Bolsonaro e Fora Guedes
Foto: Guilherme Gandolfi p/ futura press pic.twitter.com/2vLyAjXURC
O shopping Iguatemi só recebe gente como a gente pela porta dos fundos, como funcionários que trabalham, mas nunca serão o público de suas lojas
São horas impagáveis de transporte público, longe dos nossos filhos e com a incerteza de que haverá comida no prato amanhã pic.twitter.com/0q7wQL3MvF— MTST (@mtst) June 8, 2022
Um país com fome
De acordo com o levantamento, em um ano, o país registrou 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. O estudo ainda revelou que mais da metade da população brasileira convive com insegurança alimentar em algum grau. São 125,2 milhões de brasileiros que não conseguem se alimentar direito, um aumento de 7,2% desde 2020, e de 60% em comparação com 2018. Este é o pior quadro desde 1990, um retrocesso de 30 anos.
O Brasil chegou a deixar o Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), pela primeira vez, em 2014, porém, em 2018, retornou. De acordo com o levantamento, com a pandemia e o desmonte de políticas públicas, a situação tem se agravado.
No caso do Norte e Nordeste a situação é ainda mais grave, 71,6% e 68%, respectivamente, da população passa por algum grau de insegurança alimentar. A fome também é mais sentida no campo do que na cidade. Nas áreas rurais, 60% das residências não tiveram uma alimentação plena. Além disso, 21,8% dos lares de agricultores familiares e pequenos produtores também foram atingidos pela fome.
O inquérito também revela que a fome está mais presente nas casas chefiadas por pessoas negras do que brancas. São 65% dos lares comandados por pessoas pretas ou pardas que convivem com restrição de alimentos em qualquer nível e 53,2% nos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclara branca.
Outro dado revelado pelo estudo, é que se em 2020, lares que tinham renda maior que um salário mínimo por pessoa não conviviam com a fome, em 2022, esse cenário mudou. Agora, 3% dos lares nesta faixa de renda tem seus moradores em situação de fome, e 6% convivem com algum grau de restrição quantitativa de alimentos e 24% não conseguem manter a qualidade adequada de sua alimentação.
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