O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips, mais uma vez chama a atenção para a violência que gira em torno das terras indígenas em regiões isoladas da selva amazônica. Isso porque, com o desmonte dos órgãos de fiscalização que se intensificou no governo de Jair Bolsonaro — segundo especialistas e funcionários dessas autarquias vêm denunciando —, traficantes, madeireiros, grileiros e garimpeiros se sentiram à vontade para invadir e explorar ilegalmente áreas de reserva.
Para esquadrinhar o avanço da violência, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e parceria com os pesquisadores do Grupo de Pesquisa Territórios Emergentes e Redes de Resistências na Amazônia (Terra), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), desenvolveu o projeto Cartografia das Violências na Região Amazônica. O documento cruza e analisa dados sobre ilegalidades, criminalidade e segurança pública na Amazônia.
O relatório foi publicado em fevereiro passado e está dividido em três partes. A primeira trata da presença de facções e do crime organizado, conflitos ambientais e fundiários que tem se transformado em uma violência letal, e as mortes violentas na Amazônia. À expansão das organizações criminosas somam-se, também, a intensificação de conflitos fundiários, resultando no assassinato de indígenas da região.
Para Isabel Figueiredo, pesquisadora e consultora do Conselho do FBSP, há uma baixa presença da autoridade pública na região. "É baixíssima a capacidade institucional, e da segurança pública. Existem problemas graves de governança. O relatório aponta que garimpo e mineração estão imbricados com quadrilhas organizadas. Há uma relação de garimpo e facção (criminosa), ouro e lavagem de dinheiro. E esse tipo de bandidagem vai se fortalecendo na região pela baixa capacidade institucional", explicou.
Em 2021, o Atlas da Violência mostrou que houve um crescimento de 21,6% dos homicídios de indígenas no Brasil. Entre 2009 e 2019, o número total foi de 2,074 assassinatos em todo o país. Os dados fazem parte do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), produzido pelo Ministério da Saúde.
*Estagiárias sob a supervisão
de Fabio Grecchi
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