Há exatamente 20 anos morria o repórter Tim Lopes. O jornalista foi brutalmente assassinado enquanto fazia uma reportagem para a TV Globo no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em 2 de junho de 2002. A morte dele virou um símbolo da luta pela liberdade de imprensa no Brasil.
Tim Lopes estava infiltrado na comunidade para fazer uma matéria sobre abuso de menores e tráfico de drogas. No dia do seu desaparecimento, ele estava em um baile funk quando foi flagrado tentando filmar a venda de drogas no local. Ele foi capturado, torturado e morto. A ossada de Tim Lopes só foi localizada um mês depois em uma vala clandestina após uma denúncia anônima. O jornalista foi queimado em uma fogueira, por isso foi preciso fazer exame de DNA para confirmar a identidade.
As investigações chegaram até dois traficantes que apontaram o nome de Elias Maluco como mandante do crime. O traficante, considerado um dos maiores do Rio de Janeiro, foi preso em 19 de setembro de 2002. Em 2005, ele foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão. Outras sete pessoas também foram condenadas por envolvimento no crime.
Em 2020, Elias Maluco foi encontrado morto na Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná. Um outro condenado também morreu, outros quatro estão em liberdade e um está preso.
Tim Lopes nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, e era um dos jornalistas investigativos mais importantes da TV Globo. Ele costumava assumir disfarces para fazer suas reportagens. Em 2001, ele ganhou o Prêmio Esso, principal premiação do jornalismo brasileiro, por uma reportagem sobre tráfico de drogas. Quando foi assassinado já tinha mais de 30 anos de carreira.
Nesta quinta, o filho do jornalista, Bruno Quintella, usou as redes sociais para homenagear o pai. "Metade da minha vida sem você por perto, sem seu abraço, sem ouvir sua gargalhada, sem trocar ideias, sem ir aos jogos do Vasco. É uma saudade que não passa nunca. É uma dor que não vai acabar, mas que tentamos a cada ano — minha família, eu, seus amigos — a lidar com ela."
Violência contra profissionais de imprensa
O assassinato de Tim Lopes teve grande repercussão no Brasil e no mundo. Após o crime, o Brasil passou a ser considerado o terceiro país mais perigoso para os profissionais da imprensa nas Américas, pela Comissão de Impunidade da Sociedade Interamericana da Imprensa (SIP).
Três meses após o assassinato, foi criada a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Vinte anos depois do crime, a insegurança aos jornalistas ainda é um grande problema no Brasil.
Em 2021, o país passou para a chamada "zona vermelha" do ranking mundial de liberdade de imprensa, o que significa que o país entra na lista dos mais perigosos do mundo para a atuação de jornalistas. Segundo dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), foram registrados 430 ataques a jornalistas em 2021, o maior número desde que foi iniciado o levantamento, na década de 1990.
Atos em lembrança a Tim Lopes
Nesta quinta-feira (2/6), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com a Fenaj, Abraji e com o Sindicato de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro realizam um ato em memória ao jornalista no Rio de Janeiro, às 16h. O evento terá transmissão ao vivo para o canal ABITV, no YouTube. "No momento em que crescem os ataques a jornalistas — e à própria imprensa — no país, os 20 anos da morte de Tim Lopes se revestem de grande simbolismo", diz nota publicada no site da entidade.
Na manhã desta quinta, também será realizada uma cerimônia religiosa no Santuário Cristo Redentor, situado na estrada para o Corcovado.
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