Após ter matrícula recusada em academia só para mulheres na cidade de Juazeiro do Norte (CE), a funcionária pública e ativista da causa LGBTQIA+, Jhully Carla de Sousa denunciou a empresa. A recusa teria acontecido pelo fato dela ser uma mulher trans.
Ao portal g1, Jhully revelou que apresentou na hora da matrícula o documento de identidade atualizado e retificado há cerca de um ano. Ela foi recebida no local por uma amiga, que trabalha no estabelecimento como recepcionista, no entanto, informou que o gerente precisava ser alertado.
Quando a amiga da vítima retornou, ela afirmou estar "arrasada", mas não poderia fazer a matrícula de Jhully, além disso, o gerente do estabelecimento teria chegado a perguntar qual era o órgão genital de Jhully.
"Você chegar (em) um local e ser excluída de lá por causa da genitália. Como se eu fosse dar bom dia mostrando meu órgão". contou ela ao g1.
Saiba Mais
Após a recusa da matrícula, Jhully chegou a advertir a amiga sobre o caso, apontando a existência de uma lei no estado contra a discriminação por identidade de gênero e orientação sexual.
Ela também decidiu entrar em contato com a filha do gerente para relatar o assunto e, após saber que o caso foi levado à polícia, a mulher confirmou que Jhully seria bem-vinda no local, no entanto, a mulher não aceitou a proposta: "Se eu já fui constrangida fazendo a matrícula, imagina se eu estivesse lá dentro?", indagou ela. Além disso, ela revelou que só decidiu se pronunciar, porque se não falasse, poderia acontecer com outras pessoas.
A funcionária pública contou ainda que já sabia de um outro caso de descriminação no local, no qual uma amiga teria sido permitida na academia, no entanto, foi tratada com o pronome masculino por um profissional que trabalhava na unidade.
O caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Juazeiro do Norte.
Repercussão do caso
Nas redes sociais, o advogado da academia Sport Lif, Regnobertho Costa, publicou o posicionamento sobre o caso. A nota afirma que a empresa "repudia veementemente toda e qualquer violência transfóbica".
O texto afirma ainda que a academia "incentiva a construção de espaços que respeitem e reconheçam as pessoas em sua integralidade e informa que o que ocorreu nada mais foi do que um mal entendido".
Segundo o posicionamento, as imagens reforçam que Jhully não foi impedida de entrar e que não foi impedida de fazer a matrícula pelo proprietário, porque foi atendida por uma recepcionista e não pelo próprio proprietário.