A Aeronáutica confirmou que, até o próximo fim de semana, devem ser lançados de Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), dois microssatélites de última geração que vão auxiliar as operações de monitoramento do território brasileiro. Os equipamentos vigiarão, em especial, a Amazônia e o mar territorial brasileiro (Amazônia Azul), a partir de uma tecnologia que permite a captação de imagens independentemente das condições atmosféricas.
Segundo o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, a tecnologia permitirá o rastreamento de faixas com até dois metros de largura. Será possível identificar, por exemplo, princípios de incêndio florestais e pequenos garimpos ilegais escondidos na floresta.
Os satélites-radar de sensoriamento remoto Lessonia operam em órbita baixa e foram desenvolvidos pela empresa finlandesa IceEye. Serão lançados por um foguete da Space X, companhia do bilionário Elon Musk, que esteve no Brasil na semana passada para um encontro com o presidente Jair Bolsonaro.
A contratação da Space X, porém, não tem participação do governo brasileiro. Por contrato, a empresa finlandesa é quem tem a responsabilidade de contratar a lançadora dos satélites. A Força Aérea só começará a operar os equipamentos a partir do Centro de Operações Especiais da FAB, em Brasília, quando os aparelhos estiverem em órbita.
A principal diferença entre o satélite-radar e os equipamentos óticos convencionais é que o segundo não consegue "fotografar" os alvos à noite, ou se o tempo estiver encoberto no momento do rastreamento. O satélite-radar independe das condições meteorológicas.
O comandante assegurou que os dados disponibilizados pelos novos satélites serão compartilhados com órgãos de fiscalização, controle e pesquisa civis, como Ibama, Polícia Federal e universidades. "As imagens são de ótima resolução e captam até a presença de metais na superfície", disse Baptista Junior.
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Drones
Até o fim de julho, deverá aterrissar no Brasil o primeiro dos dois aviões AirBus A330-200 comprados pela FAB da companhia aérea Azul. As aeronaves serão equipadas para transporte de passageiros, UTI aérea e reabastecimento de aviões de caça em pleno voo. A aquisição foi feita porque a Aeronáutica identificou uma "janela de oportunidade" durante a pandemia, quando centenas de aviões em todo o mundo ficaram em solo por causa do congelamento de voos decorrente da queda na demanda por transporte aéreo.
Por limitações de recursos orçamentários, a Força Aérea informou que decidiu interromper os projetos de desenvolvimento de um avião híbrido-elétrico e de um drone de combate não tripulado furtivo. O Alto Comando considerou mais prudente — e econômico — aguardar a evolução dessas tecnologias antes de incorporá-las aos programas de investimento da Força Aérea.