Nas ruas há mais de 20 anos, Aldemar Correia de Lima, de 59 anos, tenta driblar o frio, que chegou em Belo Horizonte nos últimos dias, dormindo na companhia dos seus cinco cachorros. Preocupado com os animais, ele comprou até agasalhos para eles.
"A gente se esquenta à noite. Dormimos juntos em cima do carrinho. Uso o papelão e uma manta para cobrir e tentar esquentar", conta. Apesar de ter familiares na cidade, ele diz que prefere ficar na rua. "Tenho duas irmãs. Não posso ficar na casa delas, por causa dos meus cachorros", conta.
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Mesmo passando por dificuldades, ele se preocupa mesmo é com os cachorros e faz o possível para proporcionar a eles um pouco de conforto nesse frio. "Comprei roupa para todos eles. Só um deles que não aceitou e me mordeu, quando tentei vestir", disse.
Atencioso, ele mostra o cartão de vacina dos animais e ainda completa: "todos eles são castrados. Tenho aqui a ração deles", aponta ele, que costuma dormir na Praça Sete, na esquina com a Rua Rio de Janeiro.
As baixas temperaturas têm afetado em cheio as pessoas em situação de rua na capital mineira. Além das mantas, quem não tem barraca usa papelão e lonas de plástico para tentar barrar o frio cortante das madrugadas.
Cobertores, mochilas e sacolas fazem a vez de travesseiros para Anderson Rafael Lemes Ferreira, de 38 anos. "Eu tenho que improvisar, durmo em qualquer lugar. O que achar para cobrir do frio já serve", comenta. "Tem pessoas que passam e doam sopa, e a gente vai se esquentando. Mas quando está ventando e chovendo, a gente sofre muito", afirma.
A prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que reforçou as estratégias de proteção da população em situação de rua. Nesse período, será adotado um plano de contingência que utilizará a estrutura do Centro de Operações (COP) do município. As equipes também reforçarão o encaminhamento às unidades de atendimento e entrega de cobertores.