Uma mulher de 84 anos foi resgatada no Rio de Janeiro após passar 72 anos trabalhando como empregada doméstica em condições análogas à escravidão. O resgate ocorreu no dia 15 de março e a idosa foi encontrada dormindo em um sofá, em espaço improvisado como dormitório em local de acesso ao quarto da empregadora.
Segundo relatos dos auditores-fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro (SRTb/RJ) — que resgataram a mulher — os empregadores alegaram que a trabalhadora doméstica era equiparada a alguém da família, o que não foi constatado durante a inspeção. "Foi alegado que era 'como da família', mas a ela não foi permitido o estudo e nunca teve o direito de conduzir a própria vida, muito embora nenhuma doença ou fato similar lhe tire essa capacidade", afirmou Alexandre Lyra, um dos auditores responsáveis pelo caso.
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Ela também não possuía telefone e que os parentes só conseguiam contato ligando para um dos empregadores, que atendia ao telefone raramente. A idosa possuía aposentadoria, mas o cartão e a senha estavam com o empregador.
A partir dos depoimentos e levantamento de informações após a inspeção, os auditores entenderam que estava caracterizado o trabalho análogo ao de escravo. Os empregadores foram alertados que a idosa precisaria ser afastada do ambiente de trabalho, ter a carteira assinada e que deveriam ser pagas as verbas rescisórias devidas no prazo de 10 dias e de outras pertinentes providências.
“Cumpre esclarecer que não se exige, para a configuração da jornada exaustiva, que o trabalhador seja encontrado já com as forças exauridas, mas, sim, que a ausência de folgas ou descansos para a recomposição de energia seja potencialmente capaz de assim a agir no tempo em face de sua saúde física e mental”, complementou Alexandre Lyra.
A idosa ficou aos cuidados da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas de forma remota e sigilosa no link ipe.sit.trabalho.gov.br.