Pandemia

Fiocruz vai produzir primeiro comprimido contra covid-19 no Brasil

Fundação Oswaldo Cruz firmou uma parceria com a farmacêutica MSD, responsável pelo desenvolvimento do remédio molnupiravir, que já é utilizado em 30 países

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) será a responsável por produzir o molnupiravir, primeiro remédio oral que age diretamente contra o vírus da covid-19 a ser fabricado no país. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (5/5) pela instituição. O pioneirismo é resultado de um acordo de transferência tecnológica assinado com a empresa MSD (Merck Sharp & Dohme).

O antiviral obteve a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial no final da tarde de ontem, após um processo que corria desde novembro do ano passado, e seguirá para aval da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

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Dengue e chikungunya

Além da produção, a Fundação Oswaldo Cruz ficará encarregada da armazenagem, administração, rotulagem, embalagem, testagem, liberação, importação e fornecimento do remédio para o SUS. No primeiro momento, o antiviral será recebido pronto, e a previsão é de que também seja testado em casos de dengue e chikungunya.

“Sobre a transferência da tecnologia para produção 100% nacional do medicamento, as instituições [Fiocruz e MSD] já definiram as premissas para viabilizar este processo e permanecerão em diálogo, ao longo dos próximos dois anos de parceria, para avaliar as condições técnicas e demanda do próprio Sistema de Saúde frente aos resultados dos estudos experimentais e clínicos a serem realizados”, afirmou a Fiocruz.

A instituição ressaltou ainda que os resultados do estudo clínico global de fase 3 (multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo) mostraram que o medicamento foi capaz de reduzir em 89% o risco de morte pelo novo coronavírus quando comparado ao placebo.

Um outro estudo de fase 3 está em andamento para avaliar se o antiviral é seguro quando utilizado como medida profilática para pessoas que tiveram contato direto com infectados pela doença.

“Nós estamos com algumas direções claras, e a primeira é trabalhar para o acesso da população ao medicamento por meio de várias parcerias”, disse o CEO da MSD, Hugo Nisenbom. Ele destacou a importância, principalmente, de colaborações com objetivo de incentivar a pesquisa. “Geralmente, em termos de mercado de remédio, o Brasil está entre os 10 primeiros, mas quando a gente fala de estudos clínicos, ele está bem mais pAra baixo.”

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro