Uma história de cinco meses de violência doméstica foi interrompida por meio de um jogo on-line. Uma adolescente de 17 anos pediu ajuda a uma pessoa por meio do jogo Ludo, após ser coagida a se manter no relacionamento com o namorado, de 24 anos, por meio de violência física e ameaças de morte. Com apoio do adversário no jogo, a menina denunciou a agressão à polícia e foi resgatada da casa do agressor.
As informações são do G1. A denúncia foi registrada no Jardim Novo Horizonte, em Jundiaí (SP), em 26 de abril. O suspeito foi ouvido e liberado e pode responder por agressão, mas está proibido de se aproximar da ex-namorada, por meio de medida protetiva emitida pela justiça da cidade um dia após a denúncia ter sido recebida.
Em sofrimento com a rotina de agressão, a menina encontrou no jogo on-line em grupo uma chance de desabafar. No próprio chat do jogo, ela contou sobre as agressões e pediu ajuda. “Mim (sic) ajuda, não tenho ninguém por mim. Tenho 17 anos”, escreveu a garota. Ela também disse que não poderia ligar para a polícia porque o homem estava no local.
A conversa continuou no aplicativo Whatsapp, onde a garota disse que o homem a ameaça de morte caso ela vá embora e que ela começou a morar com ele após ser ameaçada. “Ele mim (sic) bate todo dia. Eu só tenho meu cachorro e ele ameaça de matar meu cachorro”, disse.
A vítima também afirma que o ex-companheiro diz conhecer a polícia e que os policiais não acreditariam caso ela os acionasse. A usuária do jogo que recebeu o relato perguntou onde a menina morava e se ela tinha onde ir. Em seguida, ela fez a denúncia anônima, registrada em 26 de abril pela Polícia Militar.
A queixa fala que a menina pediu socorro pelo jogo e relatou agressão e cárcere privado, feitos pelo namorado. A denúncia também informava o endereço da casa do suspeito. Ao chegar no local, a polícia encontrou a adolescente com vários hematomas pelo corpo e rosto e confirmou as informações da denúncia.
Ela foi atendida por médicos e encaminhada à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), onde se encontrou com a mãe, que informou à polícia que também era ameaçada pelo homem e que não havia registrado queixa porque o agressor ameaçar matar a filha dela.
"Ele falou: você vai escolher, ou você quer a sua filha viva ou você dá queixa e eu mato ela e me mato que não dá nada. Foi acontecendo, e eu não sabia mais o que fazer. Ele não deixava ela sair, ele bloqueava e ela ia para a minha casa fugir. Era um tormento, era uma tortura. Ele queria manter ela por perto", disse ao G1.
De acordo com a mãe, o começo do relacionamento foi tranquilo, com o rapaz com o comportamento normal, no entanto, a relação mudou. Há cinco meses, a mulher afirma que foram desenvolvidas agressões verbais e físicas.
"Foi ficando complicado. Ele invadiu a casa onde eu moro com uma faca, fez minhas duas filhas e uma parente minha tudo refém dentro de um quarto, isso há uns três meses", disse a mulher.
Agora, a mãe disse que a menina está em choque, não consegue dormir e nem comer. Ao ouvir qualquer barulho, se assusta por achar que é o homem que a procura.