Subiu, nesta quinta-feira (26/5), para 26 o número de mortos durante a operação policial na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Cinco pessoas ainda estão internadas, uma delas em estado grave. De acordo com o hospital Getúlio Vargas, 21 já chegaram no hospital mortos.
A ação já é considerada a segunda mais letal da história do Rio, atrás somente da operação no Jacarezinho, há um ano, que deixou 28 mortos.
A operação ocorreu na terça-feira (24/5), de forma emergencial, e tinha como intuito prender os chefes da maior facção criminosa do estado. Foram apreendidos 13 fuzis, quatro pistolas, 12 granadas e 20 veículos durante a ação e envolveu agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, com apoio de blindados e de um helicóptero.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) disse, nesta quinta, que vê indícios de execução durante a operação. "Existe indícios de execuções, em algumas regiões. Indícios de que pelo menos uma pessoa foi torturada antes de ser morta, ontem. E existe indícios de mortos a facadas. Então, a gente está aguardando o desenrolar da perícia do IML para ver em que condições essas pessoas foram mortas", disse o procurador Rodrigo Mondego ao G1 após visita ao a região do confronto.
Pelo Twitter, Mondego lembrou da alta incidência de operações letais em terras fluminenses. "Aconteceu mais uma chacina em ação policial, agora na Penha. Nunca na história do RJ ocorreram tantas. Apesar de ter respaldo de parte da sociedade, Ninguém se sente mais seguro depois delas", disse.
Já a Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério Público Federal afirmou que ações como essa são "absolutamente incompatíveis" com o estado de direito.
Na nota, os procuradores cobram que seja feita uma investigação "independente, isenta, imparcial e autônoma". "A Câmara considera indispensável a análise do padrão de atuação das instituições de segurança, que tem dado causa a repetição de execuções coletivas, como as registradas na Vila Cruzeiro. Além disso, é preciso analisar a atuação dos gestores públicos, responsáveis pelo desenho de políticas públicas em que tais formas letais de intervenção são concebidas, autorizadas ou não reprimidas", diz a nota.
O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) abriram procedimentos para investigar condutas e possíveis violações de agentes de segurança na operação.
Já a Anistia Internacional cobrou do governo do Rio de Janeiro, o Ministério Público Federal e o Ministério Público estadual explicações sobre a ação. “O governador deve explicações a toda a sociedade, em especial aos 200 mil moradores da Vila Cruzeiro, que estão sob forte impacto emocional e psíquico diante do terror vivido de mais uma chacina”, diz a nota.
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