Uma operação policial deixou ao menos 22 mortos e sete feridos na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, zona norte do Rio, na manhã de ontem. Foi a terceira ação mais letal da polícia na história do Rio, atrás apenas das chacinas do Jacarezinho, no ano passado, que deixou 28 vítimas, e da Vila Operária, em 1998, com 23. O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) abriram procedimentos investigatórios para apurar a conduta dos policiais na operação. Defensores públicos estiveram na comunidade.
A ação envolveu agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, com apoio de blindados e de um helicóptero. De acordo com a PM, a incursão tinha como objetivo prender chefes do Comando Vermelho de diferentes estados que estariam escondidos na Vila Cruzeiro — de onde comandariam o crime organizado pelo país. Ninguém foi preso, mas foram apreendidos 13 fuzis, quatro pistolas, 12 granadas e 20 veículos supostamente de criminosos.
Segundo o secretário da Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho, a operação ainda estava em planejamento, mas foi antecipada diante da suspeita de que os traficantes estariam preparando a invasão de outra comunidade. Segundo ele, a polícia foi recebida a tiros e “houve confronto”.
O secretário disse que a migração de traficantes de outros estados e de outras favelas — como Jacarezinho, Mangueira, Providência e Salgueiro — estaria ligada à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que limita operações policiais em comunidades do estado por causa da pandemia. “Isso vem se acentuando nos últimos meses e essa tendência, esses esconderijos nas nossas comunidades, é fruto da decisão do STF, que limitou as ações das forças policiais”, acusou. Procurado, o STF disse que não se pronunciaria sobre a declaração.
Na ação, uma bala matou Gabriele Ferreira da Cunha, de 41 anos, atingida dentro de casa, na comunidade da Chatuba, vizinha da Vila Cruzeiro. Os demais mortos, de acordo com a polícia, seriam “bandidos” — cujos nomes não foram divulgados. Entre os feridos, quatro estão em estado grave. Outros três têm quadro estável, incluindo um policial atingido por estilhaços.
Segundo moradores, a operação começou pouco depois das 4h, com o apoio de um helicóptero blindado. Dezenove escolas da região não tiveram aulas. O comércio ficou parcialmente fechado e muita gente não conseguiu sair para trabalhar. Vídeos que circulam nas redes sociais mostraram a troca de tiros e moradores levando feridos ao hospital por conta própria.
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