maio laranja

Ministério lança pacote de ações para enfrentar abuso de menores no país

Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos apresenta iniciativas para a conscientização e a prevenção do abuso e da exploração sexual de crianças e adolescentes. Professores terão papel central

Tainá Andrade
postado em 17/05/2022 06:00 / atualizado em 17/05/2022 17:09
 (crédito: Amaro Junior/CB/D.A Press)
(crédito: Amaro Junior/CB/D.A Press)

O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos lança, na quarta-feira (18), um pacote de medidas para a conscientização e a prevenção do abuso e da exploração sexual de menores de idade. O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência contra Crianças e Adolescentes faz parte da campanha Maio Laranja.

De acordo com a pasta, na pandemia houve um crescimento de denúncias pelo Disque 100. Foram 18.681 entre janeiro e dezembro de 2021. Mas os números deste ano mostram a gravidade da situação: de janeiro a abril, foram 4.486 registros.

O plano padronizará o enfrentamento aos abusos, conforme explicou o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha. Foram definidos cinco eixos: prevenção, atendimento, defesa e responsabilização, participação e mobilização social, e estudos e pesquisas. As violências (psicológica, física, abuso sexual, exploração sexual e institucional) contra crianças e adolescentes terão um plano orientador.

A ideia é fazer um combate direito às subnotificações — menos de 10% dos casos são relatados às autoridades, segundo o ministério. Por ocorrerem quase sempre no ambiente familiar, há a resistência em fazer denúncia ou levá-la até o final.

"É invisível por causa de um pacto de silêncio em várias dimensões. A primeira é o segredo familiar. Por acontecer dentro de casa, há o disfarce do abusador. O medo de aparecer como agressor faz com esconda o abuso e desacredite a criança ou o adolescente", observa Vicente de Paula Faleiros, professor de serviço social da Universidade de Brasília (UnB).

Há, ainda, a preocupação com o tratamento à vítima no momento da denúncia. Segundo o ministério, estudos indicam que os agredidos são ouvidos, em média, de oito a 10 vezes pelos órgãos que fazem o registro. Haverá uma padronização no atendimento para que a criança ou adolescente relembre a situação o menos possível.

O ministério lançará, também, o Observatório da Criança, plataforma virtual contra crimes no ambiente virtual. A proposta é que o dispositivo ajude na pesquisa para aprimorar o combate a esses abusos.

brasil-violencia-sexual
brasil-violencia-sexual (foto: brasil-violencia-sexual)

Docentes

Para o ministério, os professores são os maiores aliados no enfrentamento dos abusos. Cunha ressaltou que a escola é onde, muitas vezes, a vítima é acolhida. "A convivência permite perceber mudanças de comportamento e outros sinais que podem indicar abusos", destaca. Para firmar a parceria, a pasta disponibilizará um canal de denúncia exclusivo para os docentes.

Cleber Soares, diretor de imprensa do Sindicato de Professores do Distrito Federal (Sindpro-DF), salienta que para a escola ajudar no combate à violência sexual infanto-juvenil "é importante entendê-la como espaço de discussão ampla, para que os educadores tenham os instrumentos que identifiquem as sutilezas da violência que um aluno pode estar passando".

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.