Marcelo Pecci, o promotor paraguaio assassinado a tiros, aos 45 anos, por uma dupla de pistoleiros quando passava lua de mel no Caribe colombiano, se caracterizou pela firmeza no enfrentamento do crime organizado em seu país.
Formado na Faculdade de Direito da Universidade Nacional do Paraguai, iniciou sua carreira como procurador em 2000, e se especializou no combate ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro.
Antes de sua viagem de lua de mel na Colômbia, Pecci se preparava para as audiências de julgamento do brasileiro Waldemar Pereira, vulgo 'Cachorrão', suposto integrante da poderosa organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Pereira é acusado de envolvimento no assassinato de um jornalista, o também brasileiro Léo Veras, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia na fronteira com o Brasil, em 12 de fevereiro de 2020.
Horas depois do assassinato de Pecci, a polícia investigativa fez buscas na cela de 'Cachorrão' e na do brasileiro-libanês Kassem Mohamad Higazi, que aguarda sua extradição aos Estados Unidos, decretada por um juiz em abril. As celas de três colombianos, presos no Paraguai por narcotráfico, também foram revistadas.
Considerado o braço-direito da procuradora-geral Sandra Quiñonez, Pecci foi responsável por investigações de forte repercussão midiática, como o sequestro e assassinato de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente Raúl Cubas (1998-1999), em 2005.
Também se ocupou do caso envolvendo o ex-jogador de futebol brasileiro Ronaldinho, detido e julgado em 2020, em Assunção, junto com seu irmão Assis, por falsificação de passaporte paraguaio.
Ademais, esteve à frente da captura, em 2015, do ex-deputado suplente do Partido Colorado, Rubén Sánchez, acusado de lavagem de dinheiro e assassinado em agosto de 2021.
Pecci havia se casado em 30 de abril com a jornalista Claudia Aguilera, que estava a seu lado no momento do assassinato, no dia 10 de maio, em uma praia da ilha Barú, perto de Cartagena. Aguilera confirmou que está grávida em uma nota divulgada neste sábado (14).
"Era de conhecimento público onde ele passaria sua lua de mel. Foi uma atitude muito inocente permitir que as pessoas tivessem conhecimento de suas ações", disse à AFP o ex-ministro do Interior e titular da Secretaria Antidrogas, Arnaldo Giuzzio.
O crime "é um recado para outros promotores, outros juízes, para a Polícia Antidrogas. Ocorreu no momento mais sensível de sua vida, quando estava começando a formar sua família", lamentou o ex-ministro.
O corpo do promotor foi repatriado hoje (sábado, 14 de maio) e seu funeral será realizado no domingo (15/5).
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