Um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) em 2018, o policial aposentado Ronnie Lessa, preso preventivamente desde março de 2019, é um dos alvos da "Operação Calígula", deflagrada na manhã desta terça-feira, 10, no Rio de Janeiro. Com a ação, o MP do Rio tenta desarticular suposta quadrilha que seria comandada pelo contraventor Rogério Andrade e seu filho Gustavo de Andrade.
Equipes de policiais cumprem 29 mandados de prisão - inclusive contra delegados da Polícia Civil - e 119 de busca e apreensão. Até às 7 horas, tinham sido confirmadas nove prisões.
Trinta pessoas foram denunciadas à Justiça, por crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo o MP estadual, Rogério e Gustavo comandariam uma estrutura criminosa organizada, voltada à exploração de jogos de azar no Rio e em outros Estados.
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A quadrilha, segundo os promotores, domina há décadas diversas localidades. Recorrendo à corrupção de agentes públicos e à violência contra concorrentes e desafetos para manter seus territórios. O grupo, afirma o MP, é suspeito ainda de vários assassinatos.
A promotoria sustenta que a organização corrompe de maneira estável - com pagamentos regulares - policiais civis e militares. Eram os integrantes da Polícia Civil e da Polícia Militar ligados à quadrilha que, de acordo com os promotores, coordenavam a distribuição do suborno.
O objetivo dos pagamentos era favorecer o grupo de Rogério. Oficiais da PM "serviam de elo entre a organização e Batalhões de Polícia, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo", afirma comunicado do MP.
"Em um destes episódios", prossegue o texto, "o delegado de Polícia Marcos Cipriano intermediou encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Cardoso Belém, então delegada de Polícia titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), e o inspetor de Polícia Jorge Luiz Camillo Alves, braço direito de Adriana Belém, culminando em acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase 80 máquinas caça-níquel apreendidas em casa de apostas da organização criminosa, tendo o pagamento da propina sido providenciado por Rogério de Andrade".
Ainda de acordo com o MP, a suposta parceria criminosa entre Rogério e Lessa para crimes é antiga. Remontaria pelo menos a 2009.
Naquele ano, o então policial militar da ativa era segurança do contraventor. Perdeu uma perna em atentado à bomba que explodiu seu carro. Posteriormente, em 2018, os dois se reaproximaram. Rogério, dizem os promotores, se aliou a Lessa e a pessoas ligadas a ele. Abriram juntos uma casa de apostas no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca.
O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu contato com a defesa dos citados pelo MP para ouvi-los sobre as acusações.
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