Relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (5/5) informa que o Brasil está entre os países com maior mortalidade em excesso durante os anos de pandemia. A metodologia inclui entre os dados pessoas que foram vítimas de uma espécie de efeito colateral da pandemia. Segundo o documento, o índice do país foi de 160 óbitos excessivos para cada 100 mil habitantes. Isso é maior que a média mundial, 96, e coloca o país em quinto lugar no ranking dos locais onde a covid-19 foi mais letal.
Entre os óbitos considerados, estão, por exemplo, um paciente com câncer que não conseguiu receber tratamento no período adequado ou uma vítima de acidente de trânsito que não teve o socorro adequado quando os hospitais estavam superlotados. Essas pessoas são consideradas pela metodologia do relatório como vítimas indiretas do coronavírus.
Antes do nosso país estão: Peru, com uma taxa de 437 mortes em excesso para cada 100 mil habitantes; Rússia, com 367; África do Sul, com 200; Índia, com 171. Primeiro no número oficial de mortos pela pandemia, os Estados Unidos figuram em sétimo lugar com uma taxa de 140 mortos em excesso para cada 100 mil habitantes.
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Em termos de dados absolutos, o número divulgado pela OMS em relação ao Brasil foi de 681 mil, pouco maior que o oficial do Ministério da Saúde: 619 mil em dezembro de 2021, data do último registro no levantamento da OMS.
Como são calculadas as mortes em excesso
O cálculo foi feito com base em índice de mortos de anos anteriores a partir do qual se tem uma estiva das mortes esperadas para um determinado local. A diferença entre essa esperança e o número real de mortos é o excesso de mortalidade. No caso da pandemia, esse excesso é atribuído às mortes direta ou indiretamente causadas pelo vírus.
Mas, além de um índice maior de mortalidade na maioria dos locais, o relatório também revelou que as medidas de enfrentamento à pandemia geraram um número menor de mortes por outros motivos em determinadas regiões. É por isso que alguns países tiveram índice negativo de mortes em excesso — como China (taxa de mortalidade por 100 mil habitantes de -2), Nova Zelândia (-33) e Japão (-8).
Esses países têm em comum o fato de terem adotado políticas de circulação extremamente restritivas, embora por períodos diferentes, durante as sucessivas ondas de contágio do coronavírus. Segundo a explicação técnica do relatório da OMS, o índice negativo aponta que mortes por outros motivos foram evitadas enquanto foram adotadas medidas sanitárias rígidas para conter a covid-19. É o caso dos acidentes de trânsito e de outras infecções virais que diminuíram significativamente, em especial ao longo de 2020.
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