A raiva é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus que acomete mamíferos, a doença é transmitida ao homem, principalmente, por meio da mordida ou arranhadura de animais infectados. É uma doença letal que se não tratada o paciente pode chegar a óbito.
Já o diagnóstico é através dos sintomas e da história clínica dos pacientes expostos ao animal possivelmente infectado. “Os principais animais relacionados à raiva e a possibilidade de transmissão para o ser humano são cachorros, macacos, morcegos e animais de criação como vacas, cavalos, mas virtualmente diversos outros mamíferos podem transmitir raiva. Mas o principal relacionado ao maior número de casos de raiva humana é por transmissão de mordedura de cachorros” explica o infectologista do Hospital Brasília, André Bon.
André ressalta que sempre que houver um acidente com alguma mordedura ou arranhadura de algum mamífero precisa ser feita o exame de profilaxia da raiva, o tratamento consiste em soro ou imunoglobulina dependendo do tipo de acidente.
A médica intensivista do Hospital Santa Marta, Dra. Adele Vasconcelos, completa dizendo que se o animal é suspeito de ter a doença o tratamento de profilaxia já pode começar a ser feito. “Caso a pessoa tenha sofrido mordedura de gato, cão ou morcego ele deve procurar assistência médica, principalmente se não for possível observar o cão ou gato nos próximos dez dias.”
Saiba Mais
O diagnóstico da doença ocorre através dos sintomas e do histórico clínico do paciente e do animal possivelmente infectados, e os sintomas vão progredindo conforme a infecção vai aumentando. Segundo Vasconcelos, quando a infecção está progredindo aumentam os sintomas de ansiedade, de incitação, de febre, podem ocorrer episódios de delírios e o paciente começa a ter espasmos musculares. Esses espasmos são involuntários, generalizado em todos os músculos do corpo e pode levar inclusive a convulsões.
“Os espasmos vão evoluindo para a paralisia dos músculos levando a alteração cardiorrespiratória, ou seja, o paciente pode parar de respirar por conta da contratura do músculo diafragma, ou para de urinar por conta da contratura da musculatura da bexiga. O paciente também pode tanto ficar consciente como tendo alucinação, e com o tempo os sintomas vão evoluindo até chegar em um quadro de coma.Nesse quadro de coma geralmente o paciente pode evoluir para o óbito” diz a médica intensivista.
André Bon explica que a raiva tem duas formas clínicas: a raiva furiosa e a raiva paralítica. “Ambas começam como sintomas prodrômicos, que são inespecíficos como dor local e vermelhidão. Daí o paciente evolui com febre, calafrio, dores no corpo e sintomas mais inespecíficos.” Os casos mais raros caminham para a raiva paralítica onde o indivíduo tem um rebaixamento do nível de consciência e fica muito solto, quase que catatonico.
O médico alerta que a maioria dos casos são de febre furiosa. “A raiva furiosa nada mais é do que uma encefalite. O paciente tem alteração do nível de consciência, pode ter crise convulsiva e febre. Um dos sintomas muito característicos é a hidrofobia, onde o paciente apresenta sintomas compatíveis que parecem um medo de água, mas na verdade são espasmos esofágicos quando ele bebe água e a aerofobia também que é muito semelhante a hidrofobia, mas é mais rara.”
Sintomas no animal
Como muitos dos animais que transmitem a raiva estão em constante contato com o ser humano, como cachorros e gatos, é importante estar atento aos sintomas que os animais apresentam. A dra. Adele Vasconcelos explica que um dos principais sintomas dos animais são os espasmos dos músculos da laringe, da faringe e da língua. “Por isso o animal tenta ingerir líquidos e não consegue, porque se dá uma uma contratura na musculatura da laringe, da faringe e da língua e ele começa a ter uma salivação excessiva.”
Outro sintoma conhecido da raiva é a fotofobia e a hiperacusia, o animal tem dificuldade de ver a luz e escutar barulhos. A médica alerta que geralmente quando o animal apresenta esse sintomas ele pode evoluir para o óbito rapidamente, dentro de cinco a setes dias.
Casos suspeitos em Minas Gerais
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou, no sábado (25/4), que está investigando um quarto caso suspeito de raiva humana.
Todos os casos registrados foram de crianças e duas delas morreram: um menino de 12 anos em 4 de abril e outro de 5, que morreu na reserva indígena (aldeia Pradinho) em Bertópolis, em 17 de abril.
O outro caso investigado é de uma menina de 12 anos, que está internada desde 5 de abril. Já o quarto caso é de uma menina de 11 anos que está internada com quadro estável. De acordo com a pasta, amostras foram coletadas e enviadas para exame laboratorial, cujo resultado está sendo aguardado.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori