Forças de segurança do Paraná estão concentradas na busca dos criminosos que espalharam pânico na cidade de Guarapuava, a 257km de Curitiba. Antes do amanhecer desta segunda-feira (18/4), um grupo de 30 bandidos fortemente armados tentou assaltar uma empresa de transporte de valores. A ação durou cerca de três horas. De acordo com a Polícia Militar (PM), até a tarde de ontem, dois policiais e um morador ficaram feridos. Para os três, não há risco de morte.
Estão no município equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque, das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) e do Setor de Inteligência (P2). Entre as equipes do Bope estão o Comando de Operações Especiais (COE), grupo de elite da Polícia Militar, e o Esquadrão Antibombas. Além disso, três helicópteros da PM participam das buscas. Cerca de 200 policiais apoiam as ações, incluindo reforços da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
Em entrevista na manhã de ontem, o comandante da Polícia Militar, coronel Hudson Leôncio Teixeira, afirmou que a equipe de inteligência da Polícia Militar já previa uma ataque na região, graças à colaboração com a polícia de estados vizinhos. Com esse preparo, foi possível conter a ação dos criminosos e evitar um confronto na área urbana de Guarapuava.
O coronel Hudson disse que as forças de polícia haviam estudado os assaltos ocorridos em Criciúma (SC), onde foram levados R$ 125 mil de uma agência bancária, em 2020, e em Araçatuba (SP), no ano passado, quando três moradores e dois bandidos foram mortos.
"Desde Criciúma e Araçatuba nossa Inteligência tem conversado com as polícias de São Paulo e Santa Catarina. Com a sinergia da Polícia Militar com a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal, havia indicativo de que nosso estado poderia ser alvo desse tipo de crime", contou o coronel.
Há cinco meses, o Comando de Operações Especiais (COE) da PM conseguiu impedir um outro assalto a dois bancos, em Três Barras do Paraná, no sudoeste do estado. Nesse caso, o COE conseguiu abordar os ladrões no momento do crime, com o atuação de atiradores de elite.
Em Guarapuava, para conter os assaltantes, a tropa do 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM) cercou a empresa e empurrou os assaltantes para fora da cidade, nas áreas rurais. Esse plano de contingência tinha por objetivo impedir que os criminosos acessassem o cofre da empresa de transportes.
"Nossa maior preocupação foi com a população, já que a sede da empresa atacada está em uma área residencial muito densa. Não poderíamos ter troca de tiros de grosso calibre no meio da cidade. Por isso conduzimos o grupo ao segundo perímetro, na área rural", explicou o tenente-coronel João Lins, comandante do 16º BPM.
No momento, os policiais realizam buscas na zona rural da cidade para encontrar os criminosos. Na tarde de ontem, a polícia prendeu o primeiro suspeito de envolvimento no ataque. O detido é um morador do município.
O prefeito Celso Góes contou a complexidade da operação. "Guarapuava é um município muito extenso, muito grande, tem quase 5 mil quilômetros de estradas rurais, e eles se embrenharam nesse tipo de logística", explicou, em entrevista à CNN.
Os bandidos tinham fuzis e armas de calibre .50, além de sete veículos blindados nos quais eles fugiram em direção ao interior do estado. Segundo especialistas, o armamento provém de um sistema internacional de tráfico bélico. A maioria é fabricada nos Estados Unidos e atravessa a fronteira brasileira pelo Paraguai.
Ao comentar o ataque no Paraná, o ministro da Justiça, Anderson Torres, defendeu penas mais duras para crimes violentos e uma definição mais ampla de terrorismo. "Em 25/3/22, enviamos ao Legislativo um PL para alteração da Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013). Proposta essencial para coibir crimes absurdos como esse em Guarapuava. A pena máxima passaria de 8 para 20 anos de reclusão. Conto com o apoio do Parlamento para aprovarmos", escreveu o ministro.
*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza