A fiscalização do trabalho resgatou 1.726 pessoas, em 169 casos de trabalho análogo à escravidão em 2021. O total representa um aumento de 113% em relação ao ano anterior e é o maior número desde 2013, quando foram registrados 170 casos. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (18/4), no levantamento Conflitos no Campo, Brasil 2021, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e fazem parte da série histórica iniciada em 1985.
O número de resgatados no meio rural em 2021 é 76% maior do que em 2020. Minas Gerais é o estado com mais ocorrências: foram 51 casos e 757 pessoas resgatadas. Em seguida, vem o estado do Pará, com 27 casos, e Goiás, com 17.
Saiba Mais
Um dos casos ocorreu próximo a Brasília, onde 116 pessoas foram resgatadas de uma colheita de milho para a fábrica de cigarros Souza Paiol. Segundo o levantamento da CPT, eles recebiam R$ 5 por quilo de palha colhido, viviam em alojamentos precários — sem paredes e com goteiras —, iniciavam o trabalho às 5h e só tinham acesso a duas refeições diárias, a primeira depois de 6 horas de trabalho. O proprietário da terra teria afirmado que os contratos foram feitos por “empresas terceirizadas”, para se eximir de culpa.
Crianças
Cerca de 64 dos resgatados no ano passado eram crianças e adolescentes. O número é 121% superior ao de 2020. Segundo o levantamento, as regiões Sudeste e Centro-Oeste concentram o maior número de menores de idades escravizados, 19 menores cada.
“Essas duas regiões respondem, também, pelos maiores números de casos de trabalho escravo, de trabalhadores na denúncia e de libertados em 2021. Na região Sudeste foram registrados 59 casos e 919 resgatados, enquanto no Centro-Oeste foram 37 casos e 415 resgatados em 2021”, diz o texto.
Segundo Tales Pinto, que compilou os dados no Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc/CPT), outros 197 trabalhadores foram resgatados em áreas urbanas, com 214 pessoas envolvidas.