A Polícia Federal (PF) reforçou, ontem, a segurança na terra indígena Xipaya, no sudoeste do Pará, invadida na última quinta-feira por garimpeiros, que tentaram fixar pontos de extração de minerais. De acordo com a cacique Juma Xipaya, os exploradores foram violentos com pessoas da comunidade, mas uma reação dos indígenas fez com corressem e se refugiassem na mata. O temor é que os garimpeiros voltem em maior número, fortemente armados e causem uma chacina.
Uma equipe da Força Nacional está no território Xipaya para evitar um confronto entre indígenas e garimpeiros. Segundo a nota divulgada pela PF, "agentes da Polícia Federal, do ICMBio, da Força Nacional, do Ibama e da Funai, órgãos que mantêm trabalhos ostensivos na região de Itaituba, Altamira, Novo Progresso, também estão em ação para reprimir possíveis atentado à comunidade indígena". Os federais não informaram o tamanho do efetivo mandado para o local — disseram apenas que "houve reforço da segurança e da fiscalização no local, por conta dos possíveis crimes de extração ilegal de minérios na região da Reserva Extrativista do Iriri".
A terra indígena Xipaya fica distante cerca de 400 quilômetros do centro de Altamira (PA). Os órgãos de Estado foram acionados pelo Ministério Público (MPF) depois que lideranças denunciarem a presença de garimpeiros ilegais. Um vídeo da cacique Juma Xipaya, que circulou nas redes sociais, chamou a atenção para a invasão e para a iminência de um conflito sangrento entre indígenas e exploradores.
"A gente está com muito medo que [os indígenas] sejam recebidos de forma violenta, com armas. Acionei Funai, polícia, mas estamos com muito medo. É agora, não é amanhã ou depois. É agora. Estão destruindo nosso repetitório, não sabemos o tipo de armas que eles têm", afirmou Juma. A população estimada na terra indígena é estimada em 200 pessoas, em cinco aldeias na região — entre elas, a Karimãa, à qual pertence a cacique.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), também por meio de nota, esclareceu que "a segurança e mediação dentro de terras indígenas e garimpos é atribuição exclusiva da Polícia Federal. Entretanto, a Segup fez contato com a PF e está acompanhando o caso, inclusive, está à disposição para prestar auxílio e suporte, caso necessário".