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Pesadelo sem fim: Rio de Janeiro enfrenta risco de novos temporais

Apesar do volume das precipitações ter diminuído, órgãos oficiais emitem novos alertas de tempestades. Mortos já são 16

Subiu para 16 o número de mortos confirmados nos temporais que assolam o estado do Rio de Janeiro. Além disso, sete pessoas continuam desaparecidas, segundo o Corpo de Bombeiros. As chuvas na região foram de leves a moderadas nesse domingo, segundo boletins do Centro de Operações Rio (Cor). Porém, a região ainda enfrenta os transtornos causados pelos temporais e riscos de novas inundações e deslizamentos. Além disso, surgiram preocupações sobre a situação no entorno das usinas nucleares de Angra dos Reis, um dos municípios mais impactados pelas chuvas.

"Tivemos uma noite bem mais tranquila, mas parece que ainda tem muita umidade vindo do mar em direção à cidade", disse, na manhã de ontem, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). "Se estivéssemos vindo de uma semana seca, era tranquilo, mas é óbvio que você já tem o solo muito encharcado, áreas alagadas, rios muito altos, então, isso aumenta os riscos."

Em Angra dos Reis, oito moradores morreram em um deslizamento de terra que ocorreu na madrugada de sábado, atingindo pelo menos seis casas. Entre eles, quatro crianças e quatro adultos. Cinco pessoas foram resgatadas com vida pelos bombeiros.

Na madrugada do domingo, houve novo deslizamento no local, que não deixou feridos. Até a noite de ontem, os bombeiros registravam seis pessoas desaparecidas e mantinham as operações de busca. Além disso, 181 pessoas foram desalojadas pelos temporais e enviadas a abrigos fornecidos pela prefeitura.

Perigo permanece

Em Paraty, sete pessoas da mesma família foram mortas em um deslizamento: uma mãe e seis filhos. Um sétimo filho foi resgatado com vida e levado ao Hospital Municipal Hugo Miranda. Em Mesquita, região metropolitana do Rio de Janeiro, um homem morreu eletrocutado em uma rua alagada.

Segundo o Cor, a previsão de chuvas na região para hoje é baixa, totalizando menos de 5mm de "chuviscos ou chuva fraca de forma isolada". Apesar da diminuição das chuvas, ainda há risco de inundações nesta segunda-feira. Além disso, o Centro Nacional de Monitoração e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) emitiu boletim de previsão de riscos destacando haver alta possibilidade de inundações, enxurradas e alagamentos na região metropolitana do Rio e no litoral sul fluminense.

"A previsão indica a continuidade de pancadas de chuva. Somado aos elevados acumulados preexistentes, o cenário de risco hidrológico nestas áreas tende a se agravar devido às características do relevo, córregos canalizados e alta vulnerabilidade da região", afirma o relatório.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também colocou a maior parte do território do Rio de Janeiro e parte do litoral norte de São Paulo em alerta para "acumulado de chuva", apontando risco de alagamentos e deslizamentos.

Usinas nucleares

Ontem, o prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB), expressou preocupação com as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. "Pedi ao ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, o desligamento das usinas nucleares de Angra. Com as estradas fechadas por causa das chuvas, estamos ilhados", disse Jordão. "Em caso de necessidade, não teremos como colocar em prática o plano de emergência enquanto as principais vias de acesso ao município estiverem interditadas", acrescentou.

Com as chuvas, as principais vias de acesso à cidade ficaram bloqueadas. A BR-101, que liga o Rio de Janeiro a Santos, São Paulo, contava com pelo menos 11 pontos completamente bloqueados por destroços e deslizamentos de terra na tarde de ontem. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegou a emitir um alerta pedindo para a população não utilizar a via.

Na manhã de ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou a Jordão que as equipes trabalhavam para desobstruir a rodovia ainda no domingo. "A ideia nossa é liberar ainda hoje (ontem) a pista, até porque tem a ver com a usina nuclear e que tem que estar desobstruída para qualquer eventualidade", afirmou Bolsonaro, o que não ocorreu.

A Eletronuclear, estatal responsável pelas usinas de Angra, informou, porém, que o plano de emergência não está comprometido e que não há necessidade de desligar as usinas. "A Eletronuclear esclarece que o Plano de Emergência Externo (PEE) para o caso de emergência na central nuclear de Angra dos Reis não está comprometido por conta das quedas de barreiras nas estradas da Costa Verde", afirmou a empresa, em nota.

Segundo a empresa, as obstruções na BR-101 não ocorreram nos trechos utilizados em uma possível evacuação. Além disso, os abrigos situados a até 15 quilômetros das usinas não foram atingidos pelas chuvas ou por deslizamentos.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear também se pronunciou, dizendo em nota que "até o presente momento não há comprometimento das vias de acesso do entorno da central que possam impactar na execução do Plano de Emergência".

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