Meio ambiente

Brasil lidera ranking mundial de desmatamento florestal em 2021

Brasil perdeu 40% da cobertura florestal, segundo ferramenta de monitoramento Global Forest Watch. Entre os motivos apontados para a devastação estão as queimadas e a expansão agrícola, principalmente próximo a estradas

Tainá Andrade
postado em 28/04/2022 17:23 / atualizado em 28/04/2022 17:24
 (crédito: Ibama/Divulgação)
(crédito: Ibama/Divulgação)

O Brasil lidera o ranking mundial de perda de florestas de 2021, com 1,5 milhão de hectares de florestas tropicais primárias a menos (40%). O levantamento é da plataforma que monitora o tema, Global Forest Watch, e foi publicado nesta quinta-feira (28/4). O número representa 15 mil quilômetros quadrados. É menor do que o apontado no último documento, mas maior do que os dados encontrados em 2018 e 2019.

O país que figura em segundo lugar na lista, a República Democrática do Congo, está bem abaixo do número estimado para o Brasil — com aproximadamente 500 mil hectares perdidos. Outro país que chamou a atenção foi a Bolívia, com 291 mil hectares a menos.

O número é preocupante porque o país detém cerca de um terço das florestas tropicais primárias remanescentes do mundo e tem mantido taxas de perda acima de 1 milhão de hectares desde 2016. No mundo, o total de hectares perdidos é de 3,75 milhões.

A perda de floresta primária no Brasil é especialmente preocupante, pois novas evidências revelam que a floresta amazônica está perdendo resiliência, estando mais perto de um ponto de inflexão do que se pensava anteriormente”, diz Fabíola Zerbini, diretora de Florestas, Agricultura e Uso do Solo do WRI Brasil.

Fogo

O relatório também apontou que as causas da devastação estão relacionadas ao fogo. O monitoramento analisou florestas boreais e temperadas, por exemplo, e identificou um aumento de 29% de perda na cobertura florestal por esse motivo. O país mais atingido foi a Sibéria, que sofre com incêndios por causa de mudanças climáticas.

No Brasil, a expansão agrícola, cujo aumento foi de 9% entre 2020 e 2021, foi apontada como outro motivo da devastação. Outra expansão relevante foi no desmatamento no oeste da Amazônia, ao longo de estradas, como a BR-319, localizada no Norte, que corta de Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

Tanto o país quanto em outras cinco nações que compõem a lista de maiores perdas de floresta primárias — República Democrática do Congo, Indonésia e Peru, com exceção da Bolívia — assinaram, na COP26, a Declaração de Florestas. O grupo assumiu o compromisso para conservação das matas visando a interrupção da perda florestal até 2030.

No entanto, com a análise demonstrada pela plataforma, está cada vez mais distante o cumprimento de metas, inclusive a assumida no Acordo de Paris, de evitar que a temperatura mundial suba para algo superior a 1,5°C. Outra preocupação com a perda de floresta é o impacto no efeito estufa. Segundo a plataforma Global Forest Watch, em 2021, houve a emissão de 2,5 toneladas de CO2 por esse motivo.

Resultados contrários

Foi mostrado no relatório que há países que conseguiram andar no caminho contrário do Brasil. A Indonésia, por exemplo, atingiu o quinto ano consecutivo de redução das taxas de perda florestal. De acordo com a GFW, é um indicativo de que políticas públicas governamentais e o comprometimento do setor privado no país têm surtido efeito.

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