Uma pesquisa inédita que avalia os impactos negativos da pandemia da covid-19 na saúde da população brasileira revelou que, entre o período pré-pandemia e o 1º trimestre de 2022, foi registrado um aumento de 91,8% na percepção negativa dos brasileiros sobre a própria saúde. A queda na qualidade da própria saúde está diretamente relacionada com outros pontos expostos pela estudo como a queda do consumo de legumes e verduras, redução da prática de atividade física e o aumento do diagnóstico da depressão.
Os dados são do Covitel — Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia — que ouviu 9 mil brasileiros, de capitais e cidades do interior das cinco regiões do Brasil, por entrevistas feitas por telefone (fixo e celular).
O professor titular da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e um dos coordenadores da pesquisa, Pedro Hallal, pontuou a importância do estudo. "O Covitel mostrou que a pandemia atrapalhou o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil, aumentando alguns comportamentos de risco, como a inatividade física”, afirmou.
Enquanto o consumo de legumes e verduras caiu 12,5% entre os períodos avaliados, a proporção de pessoas que praticam atividade física, de acordo com o que recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), caiu 21,4% entre o período pré-pandêmico e o primeiro trimestre deste ano. A parcela de pessoas que consideram fisicamente ativas passou de 38,6% para 30,3%.
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Os que mais reduziram a prática de atividades físicas neste período foram os brasileiros que perderam o emprego (redução de 39%), pessoas com mais de 65 anos (-32,7%), com menor escolaridade (30%), e as mulheres (-27%). Em outra análise, foi possível observar que o consumo de legumes e verduras caiu 12,5% na população em geral. O de frutas também diminuiu.
No entanto, quem mais sofreu com as mudanças dos hábitos alimentares foram aqueles menos escolarizados, pretos e pardos e aqueles que perderam o emprego.
“O resumo de tudo que a gente observou é que a pandemia acirrou ainda mais as desigualdades. Sempre Norte e Nordeste estão em piores situações do que Sul e Sudeste. Pessoas de menor escolaridade estão sempre também muito prejudicadas”, concluiu Luciana Vasconcelos, assessora técnica de saúde pública e epidemiologia da Vital Strategies e uma das coordenadoras do estudo.
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