Alunos da Escola Estadual Djanira Rodrigues de Oliveira, localizada na região de Venda Nova, protestaram contra a fala racista de uma professora da instituição. De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o caso ocorreu na terça-feira (19), durante uma aula que pautava machismo e feminismo e teve o racismo estrutural acrescido, momentos depois.
Segundo os alunos presentes em sala, a docente abordou o tema do racismo estrutural com o exemplo de que sempre atravessa a rua quando se depara com um homem negro à noite, e que isso seria consequência de "questões enraizadas de sua criação". A professora também conta que sua filha, entretanto, teria outra reação, já que conhece mais sobre ativismo em movimentos raciais.
Em entrevista ao G1, um aluno que prefere não ser identificado, comentou que, além da fala preconceituosa, a professora perguntou à sala quem faria o mesmo. "Fiquei muito nervoso. Sou negro e percebi que ela foi extremamente racista", relata.
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Caso gravado
Segundo a Rádio Itatiaia, por conta da comoção em sala sobre o tema, a professora de matemática do 1° ano do Ensino Médio encerrou a aula afirmando que entraria em contato com profissionais das áreas de Sociologia e História para mais aprofundamento. Apesar disso, os alunos se reuniram no pátio do colégio para protestarem contra as falas da docente que, segundo contas anônimas de estudantes em redes sociais, possui um histórico negativo na escola.
"É a mesma professora que falou que ninguém do Djanira cresceria na vida; que falou para uma aluna que ela não se suicidou porque não tinha coragem; que constrangia adolescentes grávidas. A diferença é que agora foi gravado", publicou uma das contas.
Em decorrência da organização dos estudantes, a PMMG teve que ser acionada. Aos militares, a professora alegou que as falas divulgadas foram tiradas de contexto e mal interpretadas, e uma aluna confirmou que gravou trechos da aula, mas não divulgou.
Ainda nas redes sociais, alunos contam que outros docentes tentaram abafar o caso, e que nada teria sido feito caso não houvesse gravação. "Uma professora da minha escola fez um comentário racista dizendo que se visse uma pessoa negra na rua, ela atravessaria. O pior de tudo é que os professores estavam todos passando pano. Pasmem, todos brancos. A escola nem faria nada se os alunos não tivessem gravado e feito uma manifestação", relata um jovem em seu perfil.
Em pouco tempo, o caso ficou conhecido em toda a escola e a professora teve que ser escoltada pela polícia para fora da instituição. Um boletim de ocorrência foi feito e os envolvidos foram escutados na delegacia. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) abrirá investigação sobre o caso.
Professora está de licença
Na manhã desta quarta-feira (20/4), vários alunos foram à escola com uma camiseta preta como forma de protesto. A direção e um representante da SEE passaram nas salas de aula para falar sobre o andamento do caso, incluindo o licenciamento temporário da docente, e ofereceram chocolate aos estudantes.
Procurada pelo EM, a Escola Estadual Djanira Ribeiro de Oliveira ainda não se pronunciou sobre o caso, mas um retorno é aguardado.
Resposta da SEE
Em nota, a Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informa que está acompanhando o caso e que a direção da Escola Estadual Djanira Rodrigues de Oliveira ressaltou que "a unidade sempre desenvolveu atividades pedagógicas sobre o combate ao racismo", reiterando, ainda que "repudia quaisquer atitudes e manifestações de discriminação, preconceito e racismo". Confira na íntegra:
"A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informa que a Superintendência Regional de Ensino (SRE) Metropolitana C, cuja a Escola Estadual Djanira Rodrigues de Oliveira, em Belo Horizonte, é circunscrita, está acompanhando o caso envolvendo uma professora da unidade. A equipe de inspeção escolar irá apurar a situação, ocorrida na manhã desta terça-feira (19/4), e um relatório será elaborado para avaliar quais medidas poderão ser tomadas.
A direção da escola acionou a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) para registrar um boletim de ocorrência e ouvir as partes envolvidas. A direção também ressaltou que a unidade sempre desenvolveu atividades pedagógicas sobre o combate ao racismo para que haja discussões e disseminação de conhecimento sobre o tema.
A SEE/MG reitera que repudia quaisquer atitudes e manifestações de discriminação, preconceito e racismo. A escola é um espaço sociocultural que deve respeitar e, sobretudo, discutir amplamente a pluralidade cultural, como uma forma de desconstruir preconceitos. Além disso, a pasta realiza constantemente a política estadual de promoção da paz nas escolas, como o Programa de Convivência Democrática."
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