Com um perfil repleto de ostentação de roupas e passeios de luxo pelo mundo, o mineiro Rafael Correa de Paula, de 33 anos, é suspeito de tirar vantagem dos parceiros que conhecia em um aplicativo de relacionamento. Ele virou alvo de investigação das polícias civis do Rio de Janeiro e de São Paulo.A denúncia foi feita pelo empresário paraibano X., de 38 anos, que conheceu Rafael em julho do ano passado, em um aplicativo de relacionamento. As informações são do jornal O Globo.
Atualização: a primeira versão dessa matéria citava que Rafael Correa havia embolsado R$ 70 mil da vítima, no entanto, às 13h15, o mineiro entrou em contato com o Correio e afirmou que não embolsou os valores, como estava escrito.
O caso se assemelha com a história de Simon Leviev, contada pela série da Netflix, Golpista do Tinder. Simon se passava por um filho do magnata de diamantes Lev Leviev, para cometer fraudes e enganar mulheres.
O "golpista brasileiro", por sua vez, se apresentava como herdeiro e administrador das fazendas da família na cidade de Frutal e mostrava, na plataforma, fotos com roupas e acessórios de grife, além de viagens de primeira classe a destinos nada baratos, como Dubai, Grécia e o Deserto do Saara, na África.
O primeiro encontro dos dois, em um hotel cinco estrelas na orla de Ipanema, na Zona Sul do Rio, foi o início de um romance relâmpago regado a viagens internacionais, festas com famosos e roteiros exclusivos. Rafael prometia que poderia conseguir descontos com as milhas aéreas que ele acumulava. No entanto, Rafael pedia o cartão de crédito do empresário emprestado com a justificativa de que era possível conseguir descontos com as milhas aéreas que ele acumulava na conta.
Quando percebeu, o empresário notou que gastou R$ 70 mil em quatro meses, entre gastos com passagens e hospedagens. Foi o momento em que ele acreditou ter sofrido um golpe e decidiu terminar o relacionamento.
“No início, ele dizia cuidar da parte financeira das terras em que os pais criavam gado e cultivavam cana-de-açúcar, demonstrava circular na alta sociedade no eixo Rio-São Paulo e apresentava viagens com roteiros exclusivos e hotéis caríssimos”, disse ao O Globo.
“Nesse primeiro momento, a conversa e a companhia eram agradáveis, mas, com o passar do tempo, passei a ter certeza de que era tudo uma farsa, uma mentira completa da qual tinha sido vítima “, acrescentou.
De acordo com a vítima, a decisão não foi bem aceita por Rafael, que passou a persegui-lo desde novembro do ano passado. Rafael criou perfis falsos nas redes sociais para publicar informações com objetivo de prejudicar a imagem do ex-namorado, além de utilizar os dados dele para fazer compras de alto custo, além de pedir estorno de contas já pagas pelo empresário. O golpista também pediu o cancelamento de outros cartões de crédito da vítima.
Em dezembro, a situação piorou, Rafael tentou invadir o prédio em que X. mora, no Arpoador, e foi denunciado por ele à polícia, por meio do registro de um boletim de ocorrência na 14ª Delegacia de Polícia (DP), no Leblon. Ao ver o movimento do ex-namorado, Rafael procurou a 13ª DP, em Ipanema, e alegou ser vítima de socos e chutes pelo empresário.
No entanto, o inquérito revelou, por meio de imagens de câmeras de segurança, que o fato declarado pelo golpista não ocorreu. Com isso, ele foi indiciado por atribuir falsamente um crime a alguém.
Além do processo que X. implementou, Rafael também responde por outros quatro inquéritos. No 78º Distrito Policial (DP) de São Paulo, no Jardins, o homem é acusado de impedir um ex-companheiro de deixar o apartamento, com uso de força física nos braços e no pescoço do homem, após terminar um relacionamento de dois anos e meio. A vítima contou aos policiais que foi vítima de violência psicológica, ameaça e constrangimento.
Na 1ª Vara Cível do Fórum de São Paulo, ele é alvo de processo por não pagar uma multa de R$ 4.900 pela quebra de contrato de aluguel de um imóvel no bairro Jardim Paulista. Já no 13º DP, de Campinas, ele foi acusado de lesão corporal por ter, supostamente, dado um tapa em uma mulher que era caixa de um mercado.
A agressão ocorreu após ela informá-lo que não teria troco para R$ 100. A mulher entrou com um pedido, no Juizado Especial Cível da cidade, de uma indenização de R$ 14 mil por danos morais.
O último processo, na 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, se parece com o caso do empresário paraibano que terminou o relacionamento com o golpista. Rafael teria utilizado dados da vítima para contratar três pacotes de viagem no valor de R$ 2.300 de uma agência de turismo, por meio de parcelamento.
De acordo com a denúncia, o homem percebeu ter sido vítima do golpe apenas quando tentou abrir uma conta bancária e ser informado de uma restrição no nome dele causada pela dívida. Nesse caso, Rafael prestou depoimento e disse conhecer a vítima quando os dois ainda estudavam no ensino básico, em Frutal (MG).
Eles mantiveram laços de amizade até brigarem “por motivos banais”. Ele disse que a compra foi autorizada pela vítima, após Rafael dizer que queria viajar para a Argentina, mas estava com “restrição com o cartão de crédito”. Ele ainda mostrou uma comprovação de ter pago as parcelas e disse desconhecer o motivo pelo qual “duas parcelas ficaram em aberto”.
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