No mesmo dia em que o Ministério da Saúde anunciou a recomendação da quarta dose da vacina contra a covid-19 para idosos com mais de 80 anos, medida já tomada por alguns estados, o governador de São Paulo, João Doria, informou que o governo paulista, "certamente", anunciará outras faixas etárias para receber a quarta dose na próxima semana.
Segundo ele, o tema será a primeira pauta da reunião do Programa Estadual de Imunização realizada nesta quinta (24/3). "Nós decidiremos isso (ampliação da 4ª dose) amanhã na reunião do PEI (Programa Estadual de Imunização), e certamente na coletiva da semana que vem nós estaremos anunciando as outras faixas etárias para a quarta dose", indicou o governador.
Com o indicativo de Doria, o Ministério da Saúde deve ficar para trás novamente na ampliação do público que deve receber a segunda dose de reforço (quarta dose). Somente nesta quarta (23/3), a pasta anunciou a recomendação da dose para idosos com mais de 80 anos, enquanto estados e municípios já haviam começado a aplicar a mesma neste grupo.
Ainda hoje, a pasta da Saúde informou que a necessidade da aplicação da quarta dose da vacina da covid-19 em outras faixas etárias é acompanhada "e as recomendações podem ser revistas a qualquer momento".
Anteriormente, o Ministério da Saúde só recomendava a aplicação da quarta dose em pessoas imunocomprometidas com 18 anos de idade ou mais.
Embate
A antecipação da quarta dose para idosos com mais de 80 anos feita por São Paulo e outros estados gerou críticas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Para cardiologista, "o governador de São Paulo e outros chefes do Executivo, seja de estado ou de município, muitas vezes, interferem no processo decisório a respeito da imunização".
"Às vezes, são interferências oportunas, mas essas questões devem ser discutidas no âmbito do Ministério da Saúde, que é quem lidera esse processo. Se cada um quiser seguir de uma forma, o que vai acontecer?", criticou.
Atualmente, a recomendação da aplicação da quarta dose no estado inclui apenas o grupo de idosos acima de 80 anos e pessoas com comorbidades que têm mais de 12 anos.