PANDEMIA

41% dos empregados da Caixa perderam colega de trabalho vítima da covid

Estudo da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal revela que o distanciamento não era respeitado na maioria das agências estatais; em 80% delas, "sempre ou quase sempre" faltava ventilação adequada

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal revela que 41% dos empregados ativos da estatal que participaram do estudo revelam ter perdido colega de trabalho vítima da covid. A pesquisa sobre a saúde dos trabalhadores do banco foi divulgada nesta quarta-feira (23/3), no Dia Distrital de Luto e Memória pelas Vítimas do Novo Coronavírus. A data foi escolhida em memória da primeira morte no DF pela doença, em 2020.

O estudo mostra que, dos 1.704 bancários da ativa que responderam à pergunta sobre falecimento de conhecidos, colegas de trabalho ou familiares vítimas da covid, 71% também vivenciaram a perda de amigos e 24%, de pessoas da família. Além disso, entre os trabalhadores ativos participantes da pesquisa, 36% tiveram covid. No total, foram 609 contaminações. Destes, 15% disseram não ter se afastado do trabalho quando estavam doentes.

Em relação ao distanciamento entre trabalhadores, os números são alarmantes. No Dossiê Covid realizado em 2021 pelas universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Federal do Pará (UFPA), com a participação de bancários da Caixa Econômica, o distanciamento não era respeitado em 85% de agências da estatal e “sempre ou quase sempre” faltava ventilação adequada em aproximadamente 80% das unidades do banco.

Foi possível analisar, pelos resultados, que quase metade dos bancários [da ativa] que contraíram covid acredita ter se contaminado no ambiente de trabalho: 41% dos que adoeceram afirmam acreditar que a contaminação ocorreu durante expediente no banco.

Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, os dados apresentados são muito sérios. Ele afirma que a Caixa está “descuidando da saúde dos seus empregados, que atuaram na linha de frente do atendimento nas agências durante todo o período mais crítico da pandemia”. E observa, ainda, que tanto a atual pesquisa da Fenae quanto o Dossiê Covid comprovam que grande parte dos trabalhadores da Caixa se expôs à doença ou foi infectada em virtude da atuação profissional.

“Com as informações dos dois levantamentos, a Federação buscará ações concretas junto ao banco para melhorar as condições de trabalho e proteger a saúde dos empregados”, garante Takemoto.

Na visão da diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, os resultados são tristes e demonstram que o luto está muito presente na Caixa. “E os empregados não recebem nenhum suporte da direção do banco para ajudar a superarem estas perdas, que são de colegas de trabalho também. É um luto permanente”, analisa.

A pesquisa foi realizada entre os últimos dias 19 de novembro e 10 de dezembro, com um total de mais de três mil empregados da ativa e também aposentados da Caixa.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro 

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