Mesmo aptos para receber a dose de reforço contra a covid-19, mais de 59 milhões de brasileiros ainda não buscaram pela vacina, conforme mostrou levantamento do Ministério da Saúde, divulgado nesta sexta-feira, 18. Frente ao dado, em nota, a pasta enfatizou a "importância de reforçar a imunidade". Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que a injeção adicional ajuda a reduzir o risco de hospitalizações e mortes e, também, a diminuir a transmissibilidade do vírus.
São Paulo lidera o ranking de Estados com mais atrasados: 15,7 milhões já poderiam ter recebido reforço. Depois, seguem Minas Gerais (5,3 milhões), Rio de Janeiro (4,9 milhões), Bahia (3,6 milhões) e Paraná (3 milhões). Todos os maiores de 18 anos que tenham tomado a segunda dose há quatro meses, podem ir aos postos em busca da injeção adicional.
De acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa, na sexta-feira, 18, mais de 72,25 milhões de brasileiros haviam recebido o reforço. Isso representa cerca de 33,6% da população. Mesmo sendo o Estado com mais atrasados, São Paulo é o que, porcentualmente, tem mais vacinados com reforço (46,91%). As taxas estaduais de imunização com o reforço variam bastante.
O governo de São Paulo já mira a 4ª dose da vacina e começa a vacinar idosos com mais de 80 anos que receberam reforço há quatro meses, na segunda, 21. A capital antecipou o início da aplicação da quarta dose nesta sexta-feira, 18.
Especialistas ouvidos pelo Estadão, indicam que tomar o reforço ajuda a evitar casos graves e mortes causadas pela covid. A dose extra aumenta os níveis de anticorpos e reduz a chance de adoecer e de se contaminar.
A mortalidade por covid entre não vacinados ou que receberam apenas uma dose é 33 vezes maior nos idosos e 19 vezes maior nos adultos, em comparação com as pessoas dos mesmos grupos que já receberam reforço, conforme mostrou estudo da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC). O risco de hospitalização é 25 vezes maior em idosos e 9 vezes maior em adultos não imunizados.
A pesquisa levou em consideração 1.675 mortes e 6.580 hospitalizações por covid notificadas por municípios catarinenses entre 1º de novembro de 2021 e 28 de fevereiro de 2022 - início e auge da Ômicron no Estado. Entre os óbitos no período, 1.329 (79%) foram de pessoas sem reforço.
Na nota de alerta que divulgou o estudo, a Dive/SC destacou que "estudos apontam que duas doses das vacinas Pfizer, AstraZeneca/Fiocruz ou Sinovac/Butantan (Coronavac), ou a dose única da vacina da Janssen oferecem proteção limitada contra a infecção leve" pela Ômicron - que domina o cenário mundial. "Especialmente para as pessoas mais vulneráveis como idosos, doentes crônicos e imunodeprimidos, nos quais há elevado risco de apresentarem a forma grave da covid-19", advertiu. "Felizmente, a proteção da vacina é rapidamente restabelecida com a dose de reforço."
O aumento de casos na Europa e na China, nos últimos dias, acendeu um alerta para o Brasil que vivencia o arrefecimento de infecções diárias. Por mais que especialistas não acreditem que uma onda nas proporções da última causada pela Ômicron aconteça tão cedo, indicam, como medida preventiva, aumentar o número de pessoas com a dose adicional.