Ainda que a vacinação infantil, de crianças de 5 a 11 anos, seja o principal desafio da campanha de imunização contra covid-19 atualmente, o avanço da aplicação de doses de reforço da vacina contra o novo coronavírus também se mostra estagnado. Nenhuma faixa etária atingiu cobertura vacinal de 80% da dose de reforço, por exemplo. É o que mostra uma nota técnica do Observatório Covid-19 Fiocruz divulgada nesta quarta-feira (16/3).
"Apesar de a aplicação desta dose (de reforço) estar acontecendo no país desde setembro de 2021, nenhum grupo etário alcançou, até o momento, o patamar de 80% de vacinados, mesmo os idosos, que foram os primeiros elegíveis à aplicação", aponta o boletim.
Um recente levantamento realizado pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Pandemia da Covid-19 (Secovid) do Ministério da Saúde apontou que apenas 37,81% do público acima de 18 anos, ou seja, 60,5 milhões de brasileiros, tomou a dose de reforço.
Segundo o relatório da Fiocruz, nem mesmo a faixa etária de 80 anos ou mais atingiu os 80% de cobertura da dose de reforço. Neste grupo, 71,3% tomaram a dose adicional. O maior índice de cobertura referente ao reforço da vacina, 76%, foi atingido pelo grupo etário que tem entre 75 e 79 anos.
“As internações em leitos clínicos, leitos de UTI e óbitos hospitalares têm cada vez mais concentrado exatamente entre os idosos mais longevos. Desta forma, idosos que não mantém esquema com reforço em dia estão em situação particularmente perigosa, mesmo com o arrefecimento da incidência e mortalidade na população como um todo”, alertam os pesquisadores.
O boletim aponta que, ainda que não tenha atingido 80% de cobertura vacinal em nenhum faixa etária, a dose de reforço apresenta melhora gradativa de cobertura a cada grupo etário ascendente.
Crianças
O principal desafio na campanha de vacinação contra covid-19 no Brasil, neste momento, é a imunização de crianças de 5 a 11 anos. Iniciada em janeiro, a vacinação do público infantil ainda se mostra estagnada já que o percentual dessa população com uma dose é de 39,3%, e com esquema completo de duas doses é de apenas 4,7%.
Para os pesquisadores da Fiocruz, "os divulgadores de notícias falsas elevaram o tom da especulação, causando insegurança em muitos pais sobre os riscos de vacinar seus filhos".