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Douglas: racismo atrasa o desenvolvimento do país

A cor de pele continua a ser uma barreira difícil de ser transposta no Brasil. Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), a fome está presente em 10,7% das residências habitadas por pessoas pretas e pardas, contra 7,5% nas famílias brancas. No mercado de trabalho, de acordo com a Infojobs, 75% dos profissionais negros sentem dificuldades de colocação por causa da discriminação racial. Para William Douglas, desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, o Brasil ainda tem muito o que avançar na questão racial.

Segundo o magistrado, as injustiças e o preconceito racial geram oportunidades desiguais para os brasileiros, o que prejudica o desenvolvimento do país. Douglas é membro da Educafro, projeto cujo objetivo é inserir e garantir a permanência de negros dentro das Universidades Públicas.

"A fotografia do Brasil é: 55% de negros, que é o grupo de conta com os pretos e os pardos, e 45% de brancos. Entre os mais pobres, 75% são negros. Isso mostra que a gente tem um problema racial a resolver", afirmou o desembargador, convidado de ontem do programa CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília.

Para Douglas, apesar da discussão da eficiência de cotas raciais e da necessidade de cotas sociais, houve avanços para a população negra no Brasil. "O mais importante a dizer é: as universidades públicas, hoje, são os lugares onde negros estão em percentual mais parecido do que o resto da população. A gente deve comemorar esse avanço", afirmou.

Douglas defende que o combate ao racismo "não é uma questão de direita e esquerda, branco e preto. É uma questão nacional, tem que ser uma política de Estado, e não de Governo. E todos têm que entender que esse é um problema de todos".

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi