Espaço nas redes sociais

Segundo o relatório "A Jornada do pesquisador pela lente de Gênero", publicado pela Elsevier, em 2020, a participação de mulheres nos mais diversos campos da ciência oscila entre 20% e 49% nos 15 países estudados. Enquanto algumas delas estão na linha de frente mais direta lidando com pacientes da covid-19, outras no laboratório para estudar tratamentos, algumas dessas cientistas estão nas redes sociais para divulgarem a informação científica para a população leiga.

Esse é o caso da biomédica e doutora em neurociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mellanie Fontes-Dutra, de apenas 29 anos. Com 78,5 mil seguidores no Twitter, Mellanie trabalha como divulgadora científica da Rede análise, todos pelas vacinas, União Pró-Vacina, grupo InfoVid e Equipe Halo da Organização das Nações Unidas (ONU). O trabalho foi intensificado com o surgimento do novo coronavírus, mas a paixão pela ciência vem da infância.

"Desde pequena sempre tive muito interesse pela ciência e a biomedicina veio como uma possibilidade de conhecer mais um pouco dessa área da ciência. Na época, eu fiquei um tanto insegura porque eu não ouvi falar muito de cientistas mulheres, então me questionava se iria conseguir ter um espaço e ter sucesso", relembra o início da vida profissional.

Entre a graduação, doutorado e o pós-doutorado, Mellanie começou a desenvolver atividades de divulgação científica, intensificadas na pandemia de covid. "Em 2020 que eu comecei a me dedicar às redes sociais, com o intuito de somar na divulgação de informações sobre a pandemia", cita.

Ainda que a maioria dos internautas tenha boas interações com a cientista, ela ainda encontra críticas por ser mulher, por ser jovem ou até por discordâncias de pontos defendidos por ela. "No início sentia que muitas das críticas eram motivadas por causa do gênero, mas atualmente que são mais pelo conteúdo. Mesmo assim, agora, ainda existe um certo machismo porque vejo uma frequência desses comentários no meu perfil", pontua.

A agressividade dos chamados "haters" se torna irrisória diante das meninas mais novas que são inspiradas pelo trabalho feito por Mellanie. "Recebi muito feedback positivo e quando vou falar em escolas, a gente percebe o quanto as estudantes ficam interessadas. Muitos pais conhecem nosso trabalho e começam a entender e apoiar as filhas que querem seguir essa carreira. Isso é legal porque mostra que o meu trabalho pode contribuir para a formação de uma nova geração de ainda mais pesquisadoras mulheres", considera. (MEC)