Meio ambiente

Quase metade do lixo despejado no oceano é feito de plástico

Levantamento em 11 cidades litorâneas indica que 48,5% dos resíduos despejados no oceano Atlântico são feitos desse material. Para especialista, é preciso melhorar a limpeza urbana e organizar a moradia

Um diagnóstico elaborado pelo programa Lixo Fora D'Água, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostrou que os resíduos plásticos correspondem a 48,5% dos materiais que vazam para o mar. Segundo o levantamento, os 15 itens mais encontrados nas análises representam 80,3% dos resíduos que vão parar na costa brasileira.

Depois do plástico, a guimba (ou bituca) de cigarro e o isopor aparecem em segundo e terceiro lugares entre os itens mais encontrados. Os outros 19,7% abrangem artigos como roupas e apetrechos de pesca, entre outros. Todos fazem parte de uma amostra que soma 16.733 itens retirados da areia, da praia e de manguezais.

O levantamento faz parte de um trabalho feito pela Abrelpe desde 2018 em 11 cidades da costa. A área em estudo compreende 14 milhões de habitantes. O programa iniciou as ações de monitoramento, prevenção e combate ao lixo no mar e nos demais corpos hídricos na cidade de Santos (SP) e atualmente abrange os municípios de Balneário Camboriú (SC), Bertioga (SP), Fortaleza (CE), Ipojuca (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), Manaus (AM), Serra (ES) e municípios da Baía da Ilha Grande, no Rio de Janeiro.

"Cerca de 22 milhões de toneladas de plásticos vazam para o meio ambiente a cada ano em todo o mundo, e em torno de cinco a 12 milhões de toneladas de resíduos plásticos têm os oceanos como destino", descreve Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe. "Cerca de 80% desse total são oriundos de atividades humanas desenvolvidas no continente, seja no litoral, seja em regiões onde correm rios que desaguam em ambientes marinhos. É resultado de falhas que ocorrem nos sistemas de limpeza urbana e gestão de resíduos nas áreas urbanas das cidades", acrescenta.

Coleta ineficiente

Segundo as estimativas da entidade, mais de dois milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos vão parar nos rios e mares todos os anos no Brasil.

"Ressalta-se, porém, que esse total pode ser ainda maior, já que as 30 milhões de toneladas de lixo que seguem para destinação inadequada, ou seja, lixões e aterros controlados, que ainda existem em todo o país, podem acarretar um acréscimo de três milhões de toneladas de lixo no mar a cada ano", informa o estudo a Abrelpe.

Além de registrar um diagnóstico do impacto ambiental do lixo no mar, o programa visa identificar as principais fontes de origem dos resíduos e estudar como as cidades podem aprimorar a gestão de resíduos sólidos em terra para prevenir a poluição marinha.

Segundo um dos relatórios, as três principais fontes de vazamento de lixo no mar são as comunidades nas áreas de ocupação irregular, próximas aos cursos d'água, os canais de drenagem que atravessam a malha urbana e a própria orla da praia em sua faixa de areia.

"Os resultados do programa Lixo Fora D'água permitem afirmar que a melhor solução para o problema do lixo no mar reside justamente no aperfeiçoamento dos sistemas e infraestrutura de limpeza urbana nas cidades, que deve acontecer junto a programas permanentes de educação ambiental implementados em todas as camadas da população", explica o presidente da Abrelpe. 

(Com Agência Brasil)