crise na educação

Após queda de Milton Ribeiro, dois nomes estão cotados para o MEC

Os dois nomes representam a disputa de bastidores que vem sendo travada por Centrão e evangélicos — inconformados com a saída de Ribeiro

Cristiane Noberto
Victor Correia
postado em 31/03/2022 06:00
 (crédito: Roberto Hilário/Comando da Aeronáutica)
(crédito: Roberto Hilário/Comando da Aeronáutica)

O presidente Jair Bolsonaro deve bater, nesta quinta-feira (31/3), o martelo sobre quem substitui Milton Ribeiro no Ministério da Educação. Dois nomes são os mais cotados: o de Anderson Ribeiro Correia, reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), e o de Marcelo Ponte, diretor do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação — órgão ligado ao próprio MEC. Enquanto não se decide o sucessor na pasta, o até então secretário-executivo Victor Godoy responde por ela interinamente.

Os dois nomes representam a disputa de bastidores que vem sendo travada por Centrão e evangélicos — inconformados com a saída de Ribeiro. Correia representa os religiosos nessa disputa enquanto Ponte, o grupo de partidos que dá apoio ao governo no Congresso. Uma reunião, ontem à noite, entre Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e outros aliados serviu para tentar tirar um denominador comum para o cargo.

Correia já havia sido indicado por deputados evangélicos, como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Marco Feliciano (PL-SP), antes de Ribeiro assumir a pasta e volta a estar cotado. Foi presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) e, na sequência, assumiu a reitoria do ITA. Porém, Ponte é muito ligado ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP e um dos caciques do Centrão.

A expectativa é de que o novo ministro seja anunciado na cerimônia de posse e de despedida dos ministros que vão disputar as eleições de outubro, hoje, no Palácio do Planalto. O interino Godoy perdeu força na disputa porque, como até então segundo em comando no MEC, participou de eventos oficiais ao lado dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura — a dupla do gabinete paralelo da pasta, que teria cobrado propina em troca do repasse de recursos do ministério a municípios e provocou a queda de Ribeiro.

Entre parlamentares do Centrão, a interinidade de Godoy é apenas para preservar a imagem do governo. "(Bolsonaro) queria resolver o problema de agora do ministério. E resolveu", disse o deputado Lincoln Portela (MG), vice-líder do PL na Câmara.

O apoio a Ponte é evidente entre os parlamentares do Centrão. "Temos na presidência do FNDE um bom nome, seria um bom ministro", defendeu o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR).

Já um deputado da Frente Parlamentar Evangélica confirmou que o MEC é, sim, de interesse dos religiosos. "Existem várias movimentações, sim, para conseguir a pasta. Mas a decisão final sobre isso é do Bolsonaro", esquivou-se.

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