BELO HORIZONTE

Professor registra ocorrência ao ser barrado em bar por usar 'regata'

Para João Victor Oliveira, a postura do bar ao barrar clientes pela vestimenta reflete uma política de discriminação de gênero

Bernardo Estillac- Estado de Minas
postado em 23/03/2022 22:30 / atualizado em 23/03/2022 22:30
 (crédito: Arquivo pessoal/Divulgação)
(crédito: Arquivo pessoal/Divulgação)

O professor de história João Victor de Oliveira registrou uma ocorrência no Núcleo de Atendimento e Cidadania à População LGBT da Polícia Civil, em Belo Horizonte, na tarde desta quarta-feira (23/3). Ele relatou aos policiais ter sido impedido de entrar em um bar na Região da Pampulha por estar usando uma camisa sem mangas. A atitude sem mais explicações por parte do estabelecimento tem raízes discriminatórias, de acordo com o homem de 25 anos.

No último sábado (19), João Victor saiu de casa para comemorar o aniversário de um amigo na unidade do bar Beb’s do Bairro Jardim Atlântico. Já sabendo que o local era aberto e o dia estava quente, o professor escolheu uma camisa sem mangas, que foi justamente o motivo que barrou sua entrada no estabelecimento.

“Havia pessoas com o corpo muito mais exposto que o meu e que não foram impedidas de entrar. Eu estava com uma blusa da dita sessão feminina de uma loja, que cobria totalmente os ombros. Não forneceram mais nenhuma explicação para eu ser barrado, o que há é uma discriminação. Crimes relacionados a gênero não abrangem só a orientação, mas também a identidade e expressão de gênero e a roupa é parte dessa circunstância”, conta o professor, que destaca que nenhuma orientação de vestimenta foi apresentada pelo bar quando o amigo fez a reserva.

João Victor diz que ele e os amigos tentaram contato direto com a administração do bar, mas não tiveram respostas satisfatórias sobre o ocorrido. O professor ainda conta que a situação foi menosprezada e que pessoas que estavam na comemoração do aniversário foram ironizadas ao pedir explicações sobre o impedimento da entrada.

“Estava esperando uma resposta do estabelecimento diretamente comigo e ainda não veio. Se eles não entenderam a via educativa, tenho que recorrer à via judicial. É muito difícil materializar uma violência assim, porque estamos em uma sociedade totalmente ensinada que esse tipo de situação é normal, como é que fariam com uma pessoa trans ou uma não-binária? O único dano visível e material é que minha entrada foi impedida”, aponta.

A reportagem tentou contato com a administração do Beb’s, mas não houve resposta até a publicação desta matéria.

O caso agora será investigado pela Polícia Civil.

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