RACISMO

Polícia investiga ataque de neonazistas a movimento negro em Minas

Criminosos mudaram a foto do grupo do movimento no WhatsApp para uma suástica, fizeram ameaças e divulgaram vídeos de pessoas pretas mutiladas

Luiz Fernando Figliagi- Especial para o EM
postado em 18/03/2022 08:34
 (crédito: Reprodução/Redes sociais)
(crédito: Reprodução/Redes sociais)

A Polícia Civil apura ameaças e ataques racistas proferidos por um grupo neonazista a um movimento negro de Cambuí, município com 30 mil habitantes do Sul de Minas. Os suspeitos invadiram o WhatsApp do "Movimento Negro de Cambuí", enviaram vídeos de pessoas pretas degoladas e ainda mudaram a foto do grupo por uma suástica.

"Eu nunca tinha passado por um ataque e nem o nosso grupo", afirma o líder do movimento e militante da causa negra, Beto Zulu. Ele conta que o ataque ocorreu por volta das 11h40 do primeiro domingo deste mês, no dia 6.

Zulu estava com a noiva em casa quando o casal recebeu a ligação de um integrante do grupo chorando. Inicialmente, a pessoa achou que havia sido adicionada em um grupo no WhatsApp neonazista.

"Fui ver este grupo e, na verdade, não colocaram a gente no grupo nazista e, sim, três pessoas invadiram nosso grupo e mudaram a foto por uma suástica", explica o líder.

Zulu afirma que essas três pessoas - sendo dois homens e uma mulher - espalharam mensagens de ódio e vídeos de pessoas pretas degoladas e mutiladas. Uma das mensagens dizia: "Vamos a pauta, quando será aquela queima de negros?".

Medo


O líder do movimento afirma que os invasores conseguiram usar o grupo durante 20 minutos. Segundo Zulu, os membros da comunidade e do movimento negro da cidade, depois do ataque, ficaram com medo do que poderia vir.

Sequência de prints mostra ataques virtuais contra movimento negro de Cambuí
Sequência de prints mostra ataques virtuais contra movimento negro de Cambuí (foto: Reprodução/Redes sociais)

"Não sabemos de onde vieram. De primeiro sabemos que um dos números é da Espanha. Desconfiamos que outro seja de Minas e São Paulo", comenta.

Logo após a invasão, Zulu e a noiva foram até a Polícia Civil, mas foram informados de que a corporação não estava registrando boletim de ocorrência. O casal, então, seguiu à PM. "Eu registrei lá e eles me disseram que automaticamente vai para a civil investigar", fala o líder.


Investigações


A Polícia Civil revela ter identificado os números dos envolvidos, mas não divulga o nome e nem a localização deles. Mais de 10 dias após o ataque ter ocorrido, a corporação ainda não sabe dizer quando o inquérito será concluído e tampouco concede entrevista para falar sobre o caso.

"No momento não haverá entrevistas sobre o caso. Mais informações em momento oportuno", afirma, por nota (leia a íntegra abaixo).


Nota completa da Polícia Civil


"A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou Procedimento Criminal para apurar as denúncias de delitos de racismo e apologia ao nazismo, ocorridos no dia 6 de março de 2022, na cidade de Cambuí, no Sul de Minas.

De acordo com as vítimas, algumas pessoas invadiram o grupo no aplicativo de mensagens do movimento negro com mensagens ofensivas e de apologia ao nazismo. Os números dos telefones foram identificados.

No momento não haverá entrevistas sobre o caso. Mais informações em momento oportuno."

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