Morreu na noite desta terça-feira (15/3), em São Paulo, José Anselmo dos Santos, mais conhecido como cabo Anselmo, ex-agente duplo que atuou durante o regime militar. Ele estava com 80 anos e faleceu em decorrência de complicações causadas por cálculo renal.
O militar ficou conhecido nacionalmente após se tonar um agente infiltrado da ditadura em grupos guerrilheiros. Sua trajetória, que foi o principal colaborador dos órgãos de repressão do regime militar, é contada no livro O Massacre da Granja de São Bento, do jornalista pernambucano Luiz Felipe Campos.
A operação resultou na morte de seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), em janeiro de 1973, no Grande Recife, e teve participação decisiva do agente duplo, é relembrada na obra. Na ocasião, a então companheira de Anselmo, Soledad Barret Viedma, também foi assassinada.
Acredita-se que ele virou agente da ditadura após ser preso em São Paulo em 1971, contudo, desconfia-se entre presos políticos de que ele já atuava para a repressão política antes disso.
Anselmo teve a identidade militar cassada em 1964, quando foi expulso da Marinha. À época, ficou conhecido após protagonizar uma revolta de marinheiros em março daquele ano — episódio foi um dos pretextos usados pelos militares para o golpe de Estado.
Em 2004, ele deu entrada com um pedido de anistia solicitando a reintegração na Marinha e o direito à indenização de anistiado político, que foi negado. Anselmo recorreu da negativa e, em junho de 2020, a ministra Damares Alves indeferiu o recurso de reconsideração.
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