INUSITADO

Pastor unge armas de delegados de Curitiba: ‘Contra os homens maus’

O momento ocorreu dentro da Igreja Agnus de Curitiba. Em uma mesa, foram colocadas sete armas, que foram "marcadas" pelo denominado óleo ungido

Talita de Souza
postado em 16/03/2022 10:08
O grupo de cinco pessoas posou para vídeos e fotos no momento da
O grupo de cinco pessoas posou para vídeos e fotos no momento da "unção das armas". A delegada Tathiana aparece em primeiro plano, à direita. Atrás, está a pastora Elarne, sentada, o delegado Tito, o pastor Renê, de terno, e o investigador Cabelo - (crédito: Facebook/Reprodução)

Um pastor de uma igreja evangélica de Curitiba separou um momento, no último sábado (12/3), para fazer uma atividade peculiar: orar pelas armas de três policiais da cidade. Em um vídeo compartilhado pelo delegado Tito Barichello, o pastor Renan Arian ora por sete armas, sendo duas de grande porte, em um pedido para que elas “sejam usadas para nossa proteção e para guardar a população contra os homens maus”.

O momento ocorreu dentro da Igreja Agnus de Curitiba, mas não durante um dos cultos da instituição. Em uma mesa, foram colocadas as sete armas trazidas, que foram “marcadas” pelo denominado óleo ungido que estava na mão do pastor.

“Nós pedimos que o Senhor venha nos guardar e proteger através dessas armas. Em nome de Jesus, o nome sobre todo nome, nós ungimos com o óleo da unção e pedimos, Senhor, que seja ligado aqui na Terra para ser ligado no céu”, começa o pastor enquanto toca o armamento.

“E nós ligamos através da unção com óleo, essas armas que serão para nossa proteção para guardar a população contra os homens maus”, justifica o pastor. “Para a glória e louvor do seu nome, nós pedimos ao Senhor que nos guarde, nos livre e nos proteja, amém”, finaliza Renan.

Além do pastor Renan, líder da igreja, também estavam presentes a pastora Elarne Pinheiro, a delegada e esposa de Tito, Tathiana Guzella, e um investigador identificado apenas como “Cabelo”. Tito faz parte da 2ª Delegacia de Homicídios de Curitiba e Tathiana, da 1ª Delegacia de Homicídios.

Depois da oração, Tito agradeceu o pastor e acrescentou que as armas serão usadas “em defesa da sociedade dentro das regras estabelecidas pela própria sociedade”. “Agradecemos ao pastor Renê e a pastora Elarne pela unção, pela benção”, finaliza Tito. O delegado também afirma que as armas são particulares e legalizadas.


O vídeo foi compartilhado no perfil em que o delegado registra mais de 41 mil seguidores. Entre as publicações, o policial compartilha o dia a dia da profissão, vídeos de apreensão pela polícia e de ações realizadas por ele, além de fotos com armas.

Entre os seguidores, as opiniões sobre a “unção” ficaram divididas. Muitos aprovaram a atitude de Tito e acrescentaram “pedidos” à oração do pastor. “E que as armas sempre possam promover o encontro dos marginais com o outro lado da vida sem errar nenhum disparo, amém!!”, escreveu um deles.

“Que Deus seja seu esculdo [sic], e que o filho do pai esteja ao seu lado na guerra urbana! Ajude a lutarmos contra o mal”, desejou outro.“Que bacana e que principalmente Deus lhe dê direção de tiro em cima do ladrão que causar injusta agreção [sic] ao agente de segurança pública pois Deus é amor mas ele também é cajado”, acrescentou um homem.

Outros, no entanto, repudiaram a benção ao armamento. “Meu Deus, vou evitar falar, só vou parar de seguir mesmo”, falou uma mulher. “Nossa arma é Deus em primeiro lugar, isso aí nunca vi na minha vida, ungir arma. Temos que ungir é nós, não coisas materiais, eu em! Cada coisa tá acontecendo nesse mundo, é o fim mesmo”, acrescentou outra.

“Já vi ungir chave de carro, chave de casa, chaves da empresa, ungir pessoas agora armas e a primeira vez, rsrsrsrs”, debochou outro.

No domingo (13/3), o pastor Renê Arian compartilhou prints do vídeo postado por Tito e disse ter sido “um dia muito especial” para ele e a esposa. “Uma alegria ter vocês conosco”, disse o religioso.

O Correio entrou em contato com o pastor para saber sobre a prática, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria. O mesmo ocorreu com o delegado Tito Barrichello. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações. 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação