Quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Gomes? A pergunta continua sem resposta quatro anos depois dos assassinatos da vereadora do Rio de Janeiro e do motorista que trabalhava para ela. O crime, cometido no bairro do Estácio, região central da capital fluminense, até o momento não condenou ninguém.
O sargento reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa e o também ex-PM Élcio de Queiroz — o primeiro apontado por ter feito os disparos que mataram a vereadora e o segundo de dirigir o carro usado no assassinato —, estão sob custódia desde 2019. Até hoje não foram encontrados a arma e o carro usado no crime.
Ronnie e Élcio serão levados a júri popular, considerando situação de duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe — emboscada e sem dar chance de defesa às vítimas. O julgamento, porém, permanece sem data marcada.
Depois de 1.462 dias — contagem feita pelo site do Instituto Marielle Franco —, as investigações do crime deram poucas respostas. Pior, as apurações são repletas de fatores incomuns: cinco delegados já estiveram no comando das investigações; além disso, as promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile abandonaram, voluntariamente, a força-tarefa que apurava o caso, em julho de 2021, por motivo de "risco de interferência externa".
À época procuradora-geral da República, Raquel Dodge pediu, em 2019, a federalização do crime argumentando que, 18 meses depois dos assassinatos, a polícia carioca não dera respostas satisfatórias sobre o episódio. Mas, no ano seguinte, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido e manteve as apurações no Rio de Janeiro.
Antes, o Ministério da Justiça pedira à Polícia Federal que entrasse no caso para "investigar a investigação" à cargo da Polícia Civil do Rio.
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Reações
Anielle Franco, irmã da vereadora e diretora do Instituto Marielle Franco, indignou-se com os quatro anos sem respostas. "Difícil expressar em palavras tudo que me atravessa no dia de hoje. Exigimos saber quem mandou matar Marielle Franco e por quê. É pela democracia brasileira", publicou no Twitter.
O ex-presidente e candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também lastimou o caso até hoje aberto. "Um crime brutal e político. Ainda não sabemos quem são os mandantes", escreveu.
O também pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) destacou que "forças poderosas impedem o esclarecimento desses crimes brutais. Que Brasil é este?"
Marcelo Freixo, pré-candidato do PSB ao governo do Rio de Janeiro e amigo de Marielle, lembrou: "Quiseram calar Marielle, mas sua voz ecoa em todos os cantos", tuitou.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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