Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, o chamado Dia Internacional da Mulher é comemorado no dia 8 de março desde o início do século 20. A data escolhida para celebrar as mulheres também destaca as reivindicações sobre igualdade e respeito ao gênero. Apesar da constante luta, as vantagens do gênero masculino continuam grandes. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que a taxa de desemprego das mulheres está cada vez mais maior à dos homens.
O levantamento, elaborado pela pesquisadora Janaína Feijó, demonstrou que desde 2012 a taxa de desemprego das mulheres vem sendo superior à dos homens. No entanto, essa diferença vem se acentuando ao longo do tempo. A maior diferença foi registrada em 2021 — a taxa de desemprego feminina atingiu 16,45% no ano passado, ou seja, mais de 7,5 milhões de mulheres permanecem fora do mercado.
“Se a gente for fazer uma perspectiva histórica, a taxa de participação da mulher tem sido muito abaixo da dos homens. Mas, ao longo das últimas três décadas, nós temos conseguido fazer com que ocorram algumas melhorias nesse indicador de taxa de participação no mercado. Até que aconteceu a pandemia”, observou Feijó, em entrevista ao Correio.
A taxa média anual de desemprego na economia em 2021 foi de 13,20%, valor inferior ao reportado em 2020, que era de 13,74%. Contudo, segundo a Fundação, a melhora na taxa de desemprego ocorreu pela queda na taxa de desemprego dos homens. “O que revela que as mulheres ainda se encontram em uma situação muito crítica”, diz o estudo.
A pesquisa destaca que, historicamente, a taxa de participação das mulheres na força de trabalho tem sido inferior à dos homens. Entre os anos 2014 e 2019, a taxa de participação feminina cresceu continuamente, atingindo 54,34% em 2019. A pandemia, porém, não apenas interrompeu o processo de melhoria da inserção feminina como também fez que a taxa recuasse para patamares equivalentes aos reportados em 2012. Atualmente, 51,56% das mulheres estão envolvidas no mercado de trabalho. Padrão parecido com o de 2021, que era de 51,58%.
A pesquisadora detalha que as mulheres acabaram sendo mais atingidas pela pandemia. “O que acontece é que durante a pandemia ocorreram muitos fenômenos que acabaram prejudicando a permanência das mulheres no mercado de trabalho. Como elas geralmente estão concentradas em atividades relacionadas aos serviços e na informalidade, a paralisação das atividades e fechamento de empresas fez que muitas perdessem seus empregos e saíssem da força de trabalho. Também tivemos o caso daquelas mulheres que não conseguiram conciliar o trabalho com o fato de ter que cuidar dos seus filhos devido o fechamento das escolas durante”, pontuou. “O que a gente observa é que houve uma redução sem precedentes das mulheres que estavam na força de trabalho, ou seja, elas deixaram de compor a população economicamente ativa”, afirmou.
Um fator decisivo para a inclusão do gênero feminino no mercado é o nível de escolaridade. Apenas 32% das mulheres com até ensino fundamental estavam na força de trabalho, enquanto 87% das mulheres com diploma de ensino superior estão inseridas na força de trabalho.
O Panorama das Mulheres no Mercado de Trabalho também destrincha a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Em 2021, o rendimento médio das mulheres com ensino superior completo foi 36,4% menor do que o rendimento dos homens com ensino superior. Índice esse que vêm apresentando melhoras com o passar dos anos: em 2012, eram 42,8%.
Feijó explica, porém, que essa redução não pode ser interpretada como uma redução efetiva. A queda nos diferenciais de rendimento entre homens e mulheres nos anos 2020 e 2021 está relacionada ao efeito composição. Com a saída de trabalhadores com rendimentos salariais mais baixos, a redução nos diferenciais de rendimento entre homens e mulheres se deve apenas a um efeito de composição dos trabalhadores, e não uma melhora de fato.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori
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