Cliente exige que pedido seja entregue por motoboy branco: "Não gosto de pretos"

O usuário fez a exigência durante uma compra pelo aplicativo do iFood. A polícia investiga o caso como suposto racismo

Correio Braziliense

postado em 07/03/2022 22:32 / atualizado em 07/03/2022 22:32

(crédito: Reprodução)

Um usuário do aplicativo iFood está sendo investigado pela Polícia Civil de Goiás pelo crime de racismo. A investigação começou após o cliente fazer um pedido de bolos no pote em uma confeitaria de Goiânia e solicitar que a loja enviasse um entregador branco, pois a pessoa diz não gostar de “pretos nem pardos”.

O cliente ainda solicitou que o pedido “venham rápido”. O caso ocorreu na última quinta-feira (3/3) e revoltou a empresária que recebeu a solicitação. “Completamente constrangedor e desumano. Fiquei tão desconcertada que até pedi desculpas para o motoqueiro quando ele veio buscar o pedido", disse a dona da confeitaria ao G1.

Solicitação racista de cliente em aplicativo de comida (foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal)

Na internet, a foto do comentário do cliente também causou indignação. "Inacreditável'', escreveu um internauta. "Brasil vai de mau a pior", opinou outro.

O iFood se pronunciou por meio de nota e disse lamentar o caso. “Por conta desse episódio, vamos iniciar um processo de investigação interno para que as devidas providências sejam tomadas, incluindo o descadastramento do cliente”, assegurou a plataforma.

Investigação

A Polícia Civil de Goiás disse não ter recebido uma denúncia diretamente, mas que investiga o caso como suposto racismo.

O delegado Joaquim Adorno, que chefia o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), contou ao G1 que a polícia tem obrigação de apurar os fatos. “É um crime de ação pública incondicionada. Esse tipo de comportamento pode ser configurado como prática, incitação ou induzimento ao preconceito ou discriminação de raça, cor ou etnia, com pena de prisão de 1 a 3 anos", detalhou.

Recorrente

Não é a primeira vez que caso de racismo acontece contra entregador de aplicativo. Em janeiro deste ano a conta de um adolescente avaliou negativamente outro restaurante de Goiânia, nos comentários o jovem justificou os pontos negativos como falta de educação e escreveu "entregador negro". 

Em outubro de 2020, outro episódio em Goiânia causou burburinho. Na ocasião, o entregador Elson Oliveira foi impedido de entrar no condomínio para fazer a entrega. Por mensagem, a cliente disse: “Esse preto não vai entrar no meu condomínio. Mande outro motoboy que seja branco. Eu não vou permitir esse macaco”.

Já em agosto de 2020 um vídeo circulou nas redes sociais e gerou grande repercussão. No registro, um homem branco aparece ofendendo outro entregador negro no interior de São Paulo. "Você tem inveja disso aqui (do condomínio), você tem inveja dessas famílias, você tem inveja disso aqui (da minha cor). Você nunca vai ter", disse o homem, em tom agressivo.