A pandemia do novo coronavírus deixará como conseqüência alterações marcantes na situação demográfica do Brasil. As quase de 650 mil mortes provocadas, até agora, pela covid-19 no país acarretaram uma redução de quatro anos na expectativa de vida dos brasileiros ao longo de 2020 e 2021. Além disso, a crise sanitária antecipará em 10 anos o início da tendência de declínio da população.
As conclusões são de um estudo conduzido pela pesquisadora Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento constatou que, em 2019, uma pessoa nascida no Brasil tinha a expectativa de viver 76,6 anos; em dezembro de 2021, no entanto, esse número havia caído para 72,2 anos. Segundo Camarano, a redução de deve, principalmente, à pandemia.
Segundo ela, a população do país deve aumentar até 2025, chegando a pouco mais de 212 milhões. A partir de 2030, porém, a tendência é que o número de brasileiros comece a diminuir, terminando o ano em 209,7 milhões, e caindo para 204,2 milhões em 2035.
Esse fenômeno terá implicações significativas em áreas como atendimento à saúde e produtividade da economia. Isso porque também será antecipado em 10 anos o início da diminuição da mão de obra disponível para o mercado de trabalho. Segundo o estudo, a População em Idade Ativa (PIA) está projetada para ir de 136 milhões, em 2020, quando houve a primeira explosão da pandemia, para 142,7 milhões em 2025 e 139,8 milhões em 2030. Em 2035, no entanto, o número deve se reduzir para 133,1 milhões.
O Brasil já vinha tendo o número de nascimentos diminuído ao longo dos últimos anos, em razão de uma menor fecundidade. Com a pandemia, porém, o cenário tem se sobressaído ainda mais, visto que o novo coronavírus acarreta, desde 2020, maior mortalidade materna, o que implica também mais mulheres adiando a gravidez, empurrando a taxa de natalidade para baixo. Em 2019, foram 2,8 milhões de crianças nascendo em território brasileiro, contra 2,64 milhões em 2020 e 2,62 milhões em 2021.
Os falecimentos, por outro lado, seguem uma tendência de crescimento. Enquanto 2019 registrou 1,28 milhão de mortes, em 2020 houve 1,47 milhão, ao passo que em 2021 o número subiu para 1,73 milhão, resultando em um crescimento vegetativo abaixo dos 900 mil.
*Estagiárias sob a supervisão
de Odail Figueiredo