A poucos dias de o Brasil completar dois anos da primeira notificação oficial de um caso de covid-19, o país finalmente tem uma vacina 100% nacional contra o novo coronavírus. Ontem, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entregou as primeiras doses do imunizante da AstraZeneca fabricado com Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) elaborado totalmente no Brasil.
A fabricação desse imunizante só foi possível graças à transferência de tecnologia da AstraZeneca para a Fiocruz, cujo acordo foi firmado em junho do ano passado. Menos de um ano depois, a vacina nacional começa a ser aplicada.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que esse fármaco representa a independência do país na produção do imunizante contra a covid-19. "Foi a principal aposta do governo federal. Asseguramos, até o final do ano, mais de 500 milhões de doses. Com isso, temos a certeza de conter o caráter pandêmico da covid-19", disse.
Para Queiroga, a autonomia do Brasil na produção de vacinas com IFA nacional é importante, também, para reforçar a distribuição equitativa de doses no mundo. "A Fiocruz tem uma grande capacidade de produção, como mostrou durante a pandemia. Com isso, podemos nos associar aos esforços dos outros países para ampliar o acesso global à imunização", anunciou.
Segundo o ministro, o país poderá exportar os imunizantes, mas ainda não há negociações para isso. Para ser oferecida a outros mercados, a vacina precisa obter o registro emergencial na Organização Mundial da Saúde (OMS). "A Fiocruz está dando início ao processo de pré-qualificação para exportação na Organização Mundial de Saúde (OMS) e avaliando, junto à AstraZeneca e à Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), a melhor estratégia para contribuir com o esforço global contra a covid-19", disse a fundação.
A prioridade da instituição é "atender às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS)". "Caso a demanda nacional para o suprimento de vacinas seja atingida, a Fiocruz poderá avaliar a exportação de sua produção excedente", explicou.
A fundação entregou pouco mais de 550 mil doses do fármaco nacional ao ministério. A pasta contratou, para este ano, 105 milhões de doses da vacina da Fiocruz, sendo 45 milhões da nacional. (MEC)