A ameaça de nova tragédia de devastação e mortes em Petrópolis está longe de passar por causa do risco de novas chuvas. Ontem, moradores de 15 localidades novamente viveram momentos de tensão por causa do acionamento de sirenes e do envio de mensagens por SMS, alertando para a nova previsão de pancadas de chuva de moderada a forte. Segundo a última atualização das autoridades que atuam no resgate das vítimas, já somam 180 as mortes causadas pelos deslizamentos e enchentes.
Para piorar a situação, o secretário da Defesa Civil do Rio de Janeiro e comandante-geral do Corpo de Bombeiros do estado, coronel Leandro Monteiro, tem uma nova preocupação: os "turistas de desastre" que invadiram Petrópolis e prejudicam o trabalho de resgate.
Monteiro defendeu que a cidade seja fechada aos não moradores — só estariam excluídos turistas que já estão hospedados em Petrópolis —, medida recusada pelo prefeito Rubens Bontempo. Segundo o secretário, a solicitação foi feita na semana passada.
"Pedimos isso na quarta (16). No entanto, o prefeito se recusou. Ontem (domingo), fizemos uma reunião para tomarmos uma medida drástica. Conversamos com equipes da prefeitura para sensibilizar o prefeito para autorizar as barreiras. Num primeiro momento, o prefeito não aceitou", explicou Monteiro, reconhecendo que Bontempo atendeu parcialmente o pedido — de seis bloqueios, autorizou dois.
Para o comandante dos Bombeiros, as barreiras são necessárias para evitar o maior fluxo de pessoas na cidade, que ainda sofre riscos de novas ocorrências de deslizamentos de terra, e para impedir o "turismo de desastre". "Infelizmente, temos ainda o turista de desastre. As pessoas param seus carros para filmarem e vão embora", criticou.
Economia arrasada
Para piorar a situação de Petrópolis, a tragédia deve provocar, também, uma perda de R$ 665 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) do município, segundo cálculo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O cálculo considera o impacto direto e foi obtido após pesquisa realizada com 286 empresas, de 16 a 18 de fevereiro.
Entre os entrevistados, 65% dizem que as empresas foram diretamente afetadas e 85% delas ainda não tinham voltado a funcionar. Para os que conseguiam vislumbrar uma normalização, a expectativa é de que o retorno total das atividades demorasse 13 dias, em média. Mas um em cada três entrevistados não soube dizer quando esse retorno será possível. A pesquisa aponta, ainda, que 11% dos entrevistados que tiveram as empresas impactadas relatam desaparecimento ou morte de funcionários.
O levantamento também avaliou as atividades das empresas. A linha de produção foi afetada em 35% delas. O impacto sobre a área administrativa foi relatado em 30% dos casos, e sobre a área de vendas, por 35% dos entrevistados. (MEC)