Os dados do último Índice de Progresso Social (IPS 2021) sugerem que, na Amazônia Legal, a devastação da floresta amazônica está associada ao baixo desenvolvimento social e a má condição de vida. De acordo com o indicador, que gera uma nota de 0 a 100 para países, estados e municípios após análise das condições sociais e ambientais, as 20 cidades campeãs de desmatamento nos últimos três anos tiveram índice médio de 52,38, número 21% menor que o do Brasil, de 63,29.
O estudo e publicação da análise do IPS na Amazônia Legal são feitos pelo centro de pesquisa Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Na terceira edição, realizada em 2021, o índice foi formado pela avaliação de áreas como saúde, saneamento, moradia, segurança, educação, comunicação, equidade de gênero e qualidade do meio ambiente. O estudo revela que os 722 municípios que compõem a Amazônia Legal estão muito abaixo do índice nacional — aproximadamente 16%. A diferença aumenta quando comparamos o IPS nacional com a média dos municípios da região que mais desmatam.
Além do índice médio ser 21% menor do que a pontuação nacional, o número também é mais baixo que o da Amazônia, de 54,59. O ranking de desmatamento na Amazônia Legal é liderado por São Félix do Xingu, município paraense, com IPS médio de 52,94. A cidade também é campeã na emissão de CO2 no Brasil, de acordo com o Observatório do Clima: foram 29,7 milhões de toneladas brutas de CO2 registradas em 2018 — do total, 25,44 milhões de toneladas devido ao desmatamento.
Segundo o IBGE, em 2019 o PIB per capita de São Félix do Xingu ocupava a 62ª posição entre os 144 municípios paraenses. No Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que analisa o desenvolvimento socioeconômico dos municípios brasileiros, a cidade fica para trás e ocupa a 99ª posição dentre as 138 cidades paraenses analisadas na última edição de 2018.
A situação mais crítica na Amazônia Legal, entretanto, é a de Pacajá, também no Pará. Conforme analisado pelo Imazon, dos 20 municípios com maior registro de desmatamento, Pacajá teve o menor IPS em 2021. O índice também foi o segundo pior de toda a Amazônia, com 44,34 pontos. A cidade, de mais de 50 mil habitantes, desmatou 690 km² entre 2018 e 2020, segundo o Inpe (Prodes), e ficou em 7° lugar na lista dos que mais devastaram a floresta amazônica durante o período.
O Imazon aponta para um outro dado que reafirma a relação entre o desmatamento e o baixo desenvolvimento social na região: entre os 15 municípios com os piores IPS da Amazônia Legal, estão alguns constantemente associados com a devastação da floresta, o garimpo ilegal, a extração ilegal de madeira e conflitos sociais, como Jacareacanga (PA), Nova Ipixuna (PA), Nova Conceição do Piriá (PA) e Pau D’Arco (PA).
“Dados sobre a Amazônia ao alcance de todos”
Lançada na última quinta-feira (17/2), a plataforma Data Zoom Amazônia busca, de acordo com a descrição, "simplificar o acesso aos microdados da Amazônia Legal e desenvolver uma plataforma de visualização de dados que seja aberta, acessível, interativa e parametrizável”. O site foi desenvolvido pelo Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e disponibiliza, gratuitamente, informações com bases de fontes oficiais, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Imazon e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a Amazônia Legal.
A plataforma permite a visualização de rankings, mapas interativos, gráficos, relação entre variáveis e séries temporais. O IPS 2021, inclusive, pode ser consultado clicando aqui!
*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes